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31/10/2013

ENTREVISTA COM ESCRITORES #3 E PARCERIA #8 - ESCRITOR MARCOS DeBRITO - LIVRO "À SOMBRA DA LUA"

E conseguimos mais uma parceria literária.

O escritor Marcos DeBrito está lançando o livro "À Sombra da Lua" pela Editora Rocco e gentilmente cedeu uma entrevista para nós leitores e aficionados por livros.

Acompanhem!!



ENTREVISTA COM ESCRITOR E CINEASTA  Marcos DeBrito.

 



Agradeço a parceria e a disponibilidade em responder a entrevista.



1-) Conta um pouco sobre a sua vida além das atividades de escritor e cineasta.



Sou um sobrevivente dos traumas de infância, como qualquer outro que escolheu o mundo das histórias como segunda casa. Nasci em Florianópolis, mas não gosto de praia. Prefiro dias frios e cinzas, porém sem chuva. Morei e morarei em outras cidades, no entanto hoje estou em São Paulo, onde vim estudar cinema e acabei ficando. Tenho medo do escuro, mas escrevo livros de terror e assisto filmes de fantasma na madrugada. Meus personagens são sádicos, entretanto eu... gosto de pensar que sou normal.





2-) Como iniciou na carreira de cineasta?



Desde muito cedo tenho afinidade com a câmera e a necessidade de contar histórias. Escrevi e dirigi meu primeiro vídeo quando eu tinha menos de 10 anos. Era um kung-fu ridículo em família, onde eu também interpretava o vilão que raptava a garota (minha prima), enquanto meu irmão mais velho fazia o papel do herói. Logo no colegial eu tinha um grupo que fazia jornais humorísticos em vídeo para vender aos outros alunos. Eu era um dos redatores e diretores, se fosse adequado nomear funções para a brincadeira. Acabou sendo um fracasso de vendas, mas continuamos fazendo por simples diversão.

Foi uma grande escola, no entanto, profissionalmente falando, o evento que considero um marco de carreira foi o festival de Gramado de 2001. Eu estava cursando a faculdade de cinema na FAAP e um trabalho que fiz no 4o semestre chamou a atenção de alguns professores que me apoiaram a não deixá-lo restrito somente aos muros da instituição. Transformei o filme em película e ganhei meu primeiro Kikito nesse festival com o trabalho “Vídeo Sobre Tela”.





3-) Quais os cineastas que influenciaram na escolha da profissão?



Os que me influenciaram não são, necessariamente, os que mais acompanho hoje. Filmes do Martin Scorsese, Francis Ford Coppola (especialmente “Dracula”), George Romero, Steven Spielberg, George Lucas... sempre estiveram presentes antes da minha formação, mas os dois nomes principais que me fizeram QUERER seguir a carreira de cineasta foram David Lynch e Quentin Tarantino.





4-) Agora gostaríamos de saber por que resolveu escrever "À Sombra da Lua"?







A transformação do homem em animal selvagem permeia o imaginário universal durante séculos. Mas, hoje, essas criaturas parecem fadadas a caminhar como coadjuvantes em histórias de vampiros ou sempre em alcateia, perdendo a força de sua individualidade. Por querer restaurar o devido respeito destes seres, quis construir uma história que tratasse da licantropia de forma mais humana, romantizando a imagem do amaldiçoado que se transforma em fera.

O verdadeiro sentido da maldição é o de apresentar a Besta que habita na alma humana. Um homem comum precisa respeitar certas normas de comportamento, mas quando transformado, ele segue seus instintos primários ignorando a ética, a moral e todas as coisas que o diferenciam dos outros animais. Essa dualidade da licantropia me deu oportunidade para criar uma história cheia de ramificações, significados e conhecimento histórico e religioso ocultos.





5-) Por que a escolha do tema literatura fantástica?



Quando escrevi o “À Sombra da Lua” eu não pensava em querer contar uma história de terror; eu pensava apenas em contar uma história que me agradasse. O universo fantástico veio como influência da minha cinematografia e literatura preferidas. Sempre fui um espectador do horror e apaixonado pelas obras do Mal do Século. O romance, se lido nas entrelinhas, tem uma discussão mais profunda, que usa como pano de fundo a presença de uma criatura.

Meu gosto por sangue e desventura, narrado na toada de um bardo melancólico, não pode ser escondido. Todos os meus trabalhos discutem a morte de uma forma muito particular. Apavora-me a possibilidade do sobrenatural, do fantástico, estar caminhando em paralelo nas vielas, à espreita da próxima penumbra para mostrar-se real. É um medo que tenho por experiências na infância e que hoje, como adulto, transfiro para os outros.





6-) Tem previsão para nova obra literária? Pode contar um pouco sobre ela?



Após ter entregue o “À Sombra da Lua” para a Rocco, eles me perguntaram sobre uma trilogia. Eu não havia pensado nisso de início, mas como o final do livro ficou em aberto já rabisquei duas continuações e um provável prólogo.

No entanto, meu próximo projeto literário já está quase terminado e devo entregá-lo em março. Chama-se “O Escravo de Capela”.

É um trabalho que estou gostando muito do resultado. Consegui abordar uma crueldade diferente, ainda mais vingativa. Neste livro a maldade não estará mascarada sob a forma de criatura. Mas como no “À Sombra da Lua”,busquei outro personagem folclórico, desta vez o Saci, e recriei sua lenda de maneira visceral, repaginando-a a um estilo mais denso. A trama se desenvolve no Brasil Colônia, final do século XVIII, em uma fazenda de cana. Quem leu meu primeiro romance já sabe que pode esperar reviravoltas, surpresas e uma dose mais forte de horror.





7-) Como foi a escolha da Editora para edição do livro?



A grande verdade é que é a Editora quem nos escolhe. Quando escrevemos um texto queremos que outras pessoas o leiam, então procuramos (muitas vezes de forma afoita) alguém disposto a saciar esse desejo. Busquei editoras que publicavam o gênero e fui mandando originais. Lembro-me bem que eu havia colocado a Rocco como editora dos sonhos, inatingível, mas para não dizer que não tentei, resolvi enviar uma cópia.Para minha grata surpresa, foia primeira a dar resposta positiva. Mais tarde apareceram outras interessadas, mas como eu já havia assinado com a editora que sempre almejara, preferi nem ouvir as propostas.





8-) Quais escritores influenciaram a sua entrada no mundo literário?



Este é um terreno que não tenho dúvidas quanto a importância de cada autor que irei nomear. Álvares de Azevedo é meu escritor preferido. Apesar de ter morrido com pouca idade, sua cadência de palavras e melancolia no texto me dão inveja. Imagino o que ele alcançaria se tivesse mais tempo. “Macário” é meu livro de cabeceira.

O outro, não menos importante, é o mestre Edgar Allan Poe. Eu lia quadrinhos de terror na infância, mas foi depois de conhecer “O Corvo”, seu conto mais famoso, que aprendi qual era a verdadeira força de uma história bem contada de horror.





9-) Algum conselho a dar aos novos escritores que querem ingressar no mercado dos livros?



Saber aceitar opiniões de fora antes de enviar um texto para uma editora é primordial. Submeta um original à críticas. Se não tiver dinheiro para pagar uma revisão literária, que seja um amigo leitor. Muitas vezes nos apaixonamos por banalidades do nosso texto que são desnecessárias e acabam afundando a fluidez da leitura. Altere o que for necessário, mas sem perder a essência. Seja fiel à sua visão de mundo. Mude a forma, mas jamais o conteúdo.

Desanimar com as respostas negativas de editoras é normal, mas não se pode desistir por causa disso.





10-) O que acha das parcerias com blogs e divulgações nas redes sociais dos trabalhos literários?



Como no mercado cinematográfico os esforços são pensados para obter resultado logo na primeira semana de estreia, ainda estou aprendendo as maneiras de divulgação de um romance e seu tempo de retorno mais lento.

Estou percebendo como é importantíssimo contar com as resenhas dos blogs. Neste mercado a opinião de um outro leitor é enorme. Enquanto em um filme há rostos conhecidos estampados num cartaz para atrair os espectadores, aqui temos apenas palavras e uma arte de capa. Ter passado pelo crivo de um leitor assíduo nos ajuda a cair no gosto de outras pessoas em busca de um novo livro. São muitas histórias nas prateleiras e é preciso uma bússola para alcançar o norte. Os blogs ajudam a apontar essa direção.





11-) Agradeço pela entrevista e gostaria que deixasse uma mensagem aos nossos seguidores, bem como onde poderão encontrar seu livro para compra e contatos.



Antes de tudo, agradeço pode ceder espaço em seu blog para minhas palavras sobre o livro. Aos leitores eu gostaria de dizer para sempre navegarem nas entrelinhas. As palavras escritas são apenas guia para conteúdos mais profundos, que estão longe dos olhos, mas ao alcance da percepção. Como no cinema, o diálogo é indireto; fala-se algo, querendo dizer outra coisa. Buscar esse outro sentido é a grande magia que uma história pode proporcionar.

O “À Sombra da Lua” pode ser encontrado nas principais livrarias, mas para comprar sem sair de casa, só acessar o site da Saraiva, Cultura, ou da própria Rocco. Ele também está disponível para tablets na iTunes Store, pelo selo Rocco Digital.

Quem quiser conversar sobre, sou bem receptivo por Facebook. Só me encontrar por lá e curtir a página do livro (facebook.com/LIVRO.ASOMBRADALUA).








Obrigada a atenção e carinho!



cheirinhos

Rudy



PENSAMENTO DO DIA: "A alegria evita mil males e prolonga a vida."(William Shakespeare)


 

Um comentário:

  1. Muito interessante as perguntas e deu pra ver o quanto o autor ama cinema e escrever!
    Tenho um livro dele, só falta ler kkkk
    Bjs

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Obrigada!!
cheirinhos
Rudy