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06/04/2024

DIVULGAÇÃO DE EDITORAS #14 - HARPERCOLLINS, THOMAS NELSON, NOVA FRONTEIRA, ESCALA, GALUBA, INTRÍNSECA, NEMO.

 Olá alegres e felizes!


Novidades das editoras.


01-) HARPERCOLLINS:


02-) THOMAS NELSON:


03-) NOVA FRONTEIRA:

O clássico de Charles Dickens em novo formato!

▲ BOX "A casa soturna", de Charles Dickens 


Publicado em fascículos entre 1852 e 1853 e considerado pela crítica o romance mais perfeito de Charles Dickens, "A casa soturna" traz à luz questões fundamentais de vida e sociedade, pondo em xeque o sistema judiciário inglês do século XIX.

Enquanto o caso “Jarndyce e Jarndyce” se arrasta nos tribunais, gerações das famílias envolvidas vão herdando “ódios lendários” na tentativa de resolver a disputa em torno de uma propriedade.

Traçando um percurso das zonas mais pobres de Londres às mansões da nobreza, Dickens elabora uma narrativa que envolve mistério, assassinato, redenção e até a descoberta do amor ao mesmo tempo que, com uma perspicácia bem-humorada, critica as estruturas sociais e a morosidade da justiça.

Esta edição, dividida em dois volumes, atualiza a clássica tradução de Oscar Mendes e conta com prefácio especial de Sandra Guardini Vasconcelos.

CHARLES DICKENS 
Foi o mais popular dos romancistas ingleses da era vitoriana. No início de sua atividade literária também adotou o apelido Boz. A fama dos seus romances e contos, tanto durante a sua vida como depois, até aos dias de hoje, só aumentou. Apesar de os seus romances não serem considerados, pelos parâmetros atuais, muito realistas, Dickens contribuiu em grande parte para a introdução da crítica social na literatura de ficção inglesa. 

 

 

Nova Fronteira
Idioma ‏ : ‎ Português
Capa dura ‏ : ‎ 816 páginas
ISBN-10 ‏ : ‎ 6556403555
ISBN-13 ‏ : ‎ 978-6556403557
Dimensões ‏ : ‎ 15.5 x 4 x 23 cm

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04-) ESCALA:

Ducati Campinas
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05-) GALUBA:

Comece a ler Cores do Coração

leia o primeiro capítulo desse livro que colore o coração de todos os leitores

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Sinopse:

O coração do meu marido bate no peito de outro homem. Será que...
Tum-tum
Um batimento cardíaco familiar.
Tum-tum
Ele jurou amar o marido até que a morte os separasse. E, então, o pior aconteceu.
Tum-tum
O coração que amava mantém vivo outro homem: River. Será que seu coração sente saudades?
Tum-tum
Doce, gentil, lindo, River. Easton nunca teve a intenção de encontrá-lo... Nunca teve a intenção de conhecê-lo... Nunca teve a intenção de se apaixonar por ele.

Cores do Coração é um romance erótico LGBT para maiores de 18 anos. É uma história única com um personagem bissexual se permitindo explorar os aspectos da sua sexualidade ainda não explorados e um final feliz garantido.

 
Prólogo
Easton

Estou entorpecido da cabeça aos pés. Posso ver os lábios da médica se mexendo, mas mal consigo ouvir o que ela está dizendo por causa da pulsação retumbando em meus ouvidos. Isto não pode estar acontecendo. Deve haver um engano. Não o Paul, qualquer um, menos o Paul.

— Sr. Harrison? — chama a médica, tocando em meu braço. Posso ver sua mão em meu antebraço, mas só o que consigo fazer é encará-la, sem sentir nada. Só pode ser um pesadelo.

— Desculpe, o que disse? — pergunto letárgico, esperando acordar são e salvo na cama ao lado do meu marido, refugiado em seus braços e contando sobre o pesadelo horrível que estou tendo.

— Sei que é difícil, mas ele perdeu toda a atividade cerebral. Neste momento, está sendo mantido vivo pelas máquinas. Para todos os efeitos, está morto — explica ela pela segunda vez, e partes da conversa voltam agora para mim.

— E você quer que eu desligue os aparelhos para poder dar o coração dele para outra pessoa… — Meu cérebro processa o que ela está tentando falar.

Seu sorriso é apologético e tranquilizador, tenho certeza de que é uma boa médica, mas a odeio pra caralho.

— Ele é um doador de órgãos — esquiva-se, deixando claro que isto é o que Paul gostaria se ele mesmo pudesse escolher.

É muito para se pensar neste momento, uma decisão importante a ser tomada. Como posso saber do que Paul gostaria? Quero dizer, porra, ele provavelmente gostaria de não ter sido atingido tão forte na cabeça no local de trabalho que o deixou com morte cerebral. Ele provavelmente gostaria de estar a caminho de casa para discutir comigo sobre o que iríamos jantar antes de me beijar e concordar com o que quer que eu quisesse.

Não consigo respirar.

Puxo e solto desesperado o ar dos meus pulmões, minha cabeça roda, minha visão vai ficando embaçada por causa das lágrimas que transbordam.

— Eu não sei. Eu não sei.

— Sei que é difícil — diz outra vez a médica. — Se o tempo não fosse essencial para este outro paciente, eu não te pressionaria para tomar essa decisão nesse momento, mas seu marido é perfeitamente compatível e, se não dermos logo um coração a este paciente, ele morrerá.

Este homem que não conheço, com quem nunca me encontrei e nunca me encontrarei, vai morrer assim como Paul está morto. Neste momento, não acho que poderia me importar menos caso todas as outras pessoas no planeta caíssem mortas se, de alguma forma, isso significasse que poderia ter meu marido de volta. Mas existe uma parte racional do meu cérebro ainda em funcionamento que compreende que manter Paul vivo artificialmente por mais alguns dias não o trará de volta, mas poderá matar este outro homem. Este outro homem que provavelmente tem pessoas que o amam tanto quanto eu amo Paul.

— Tudo bem — concordei com um soluço sufocado.

— Sr. Harrison, o senhor não faz ideia do quanto isso é importante para ele. Tenho certeza de que é o que seu marido gostaria que fosse feito.

Assenti, começando a ficar entorpecido outra vez. Como algo assim pode ser real? Só consigo pensar nos braços de Paul ao meu redor oito horas antes, no beijo terno que ele deu em meu lóbulo enquanto eu enchia de café sua caneca térmica. Ele sussurrara “Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida”, do mesmo jeito que fazia todas as manhãs durante os últimos cinco anos, e eu ria e o empurrava, revirando meus olhos para o quanto ele era piegas, mesmo que ambos soubéssemos que eu amava cada segundo disso.

Por que eu não disse o mesmo para ele? Por que não o abracei e implorei que ficasse em casa hoje, são e salvo na cama? Por que o homem mais carinhoso e gentil que conheci teve que ser levado de mim quando acabáramos de começar nossa vida juntos?

Passei o dedo pelo metal liso da minha aliança no meu anelar esquerdo, lembrando-me com facilidade do sorriso luminoso no dia do nosso casamento. Pensei que éramos muito novos para casar, pensei que era meio heteronormativo, não conseguia entender por que significava tanto para Paul, mas eu o amava, então, concordei mesmo assim.

Outro soluço explodiu em meu corpo e desejei loucamente que fosse eu no lugar de Paul. Como eu viveria sem ele? Como vou seguir em frente sem o verdadeiro amor da minha vida ao meu lado?

Capítulo 1
Cinco anos depois

 River

O sol brilha intensamente através da janela do meu escritório, me atraindo para longe do meu computador e para o mundo lá fora. É o primeiro dia quente da primavera, tornando ainda mais difícil ficar preso à minha mesa ao invés de sair para sentir o sol na minha pele e absorver o aroma da primavera enquanto ela faz sua primeira tentativa destemida de banir o inverno. Quero levar o meu tablet para o parque, sentar num banco e respirar. Quero sair desta porcaria de sala.

Dias agradáveis como o de hoje conseguem me deixar um pouco melancólico de um jeito estranho. De todos os dias em nossas vidas, poucos serão tão perfeitos assim. A maioria deles será quente demais, frio demais, chuvoso demais, nevado demais. Esses dias são muito breves e, antes que perceba, acabou, e é um dia perfeito a menos em sua vida.

Eu ri e balancei a cabeça para mim mesmo, voltando a dar atenção ao meu computador. Deus, estou melancólico hoje. Talvez eu realmente devesse sair para esticar as pernas um pouco ou arriscar a próxima campanha publicitária que criei canalizando meu Good Charlotte interior.

Levantando-me, alongo meu pescoço e minhas costas, erguendo os braços sobre a cabeça para ajudar a resolver as torções em meus ombros. Pego o telefone, mando uma mensagem para Brandon, meu melhor amigo e colega de trabalho, para ver se ele está a fim de tomar uma xícara de café comigo. Se é que descafeinado pode ser considerado café. Tive que abandonar meu vício em cafeína da noite para o dia por causa do transplante de coração, então a opção era essa droga de descafeinado ou nada. No entanto, o café faz parte do ritual corporativo, se não fingir, me sinto um pouco excluído. Se você não precisa de pausas para fumar ou para um cafezinho, existe algum outro motivo aceitável para sair do escritório?

Brandon aparece à minha porta e posso ver em seu rosto que sente o mesmo que eu em relação ao dia.

— Estava a dois segundos de te escrever a mesma coisa. Preciso sair daqui por alguns minutos antes que eu surte.

— Não podemos deixar isso acontecer. — Dou um tapinha em seu ombro e o empurro de leve na direção dos elevadores.

Brandon e eu nos conhecemos na faculdade. No primeiro ano, nossos quartos eram um de frente para o outro no corredor e descobrimos que tínhamos muito em comum, incluindo o fato de que ambos planejávamos fazer MBA em marketing. No ano seguinte, decidimos procurar juntos por um apartamento e o resto é história.

Quando parei no hospital no ano em que nos formamos, ele estava ao meu lado, jogando cartas comigo e assistindo programas ruins de televisão durante o dia enquanto esperávamos para saber se eu conseguiria um doador a tempo.

Eu sabia que a probabilidade de conseguir um doador compatível antes que fosse tarde demais era quase nula. Com mais de cem mil pessoas na fila de transplante, apenas cerca de dois por cento conseguiam um coração. Eu pesquisei. Não havia muito mais a fazer enquanto ficava deitado na cama do hospital esperando para morrer.

Foi surreal. Entrei no hospital com infecção na garganta e parecia mais provável que saísse em um caixão.

Estava com apenas vinte e cinco anos e nenhum de nós dois sabia como processar isso. Minha mãe me visitava todos os dias e chorava sobre a minha cama como se já tivesse morto, mas Brandon sempre conseguia fazer as coisas voltarem a ser mais suportáveis, evitando com cuidado o assunto desagradável.

Quando a médica entrou para me contar que encontraram um coração para mim e faríamos a cirurgia, não consegui acreditar.

Eu poderia ter morrido; eu quase morri.

Enquanto esperávamos pelo elevador, coloco uma mão sobre a cicatriz em meu peito. Dá para senti-la através da minha camisa: grande e grossa.

E depois disso tudo, aqui estou, passando as minhas tardes olhando pela janela do quinto andar do meu escritório, fingindo trabalhar. Tem que haver mais da vida do que isto, não tem? Não que eu odeie meu trabalho, na verdade, eu o amo quase sempre. Queria trabalhar em marketing e aqui estou agora numa empresa bem sucedida, ganhando bem. Mas sinto como se algo estivesse faltando. Sinto como se devesse ter mais.

— Está tudo bem? — pergunta Brandon, percebendo a minha mão no peito.

— Tudo bem, só estou com muita coisa na cabeça hoje.

— O que acha de sairmos depois do expediente? — sugere ele e meu entusiasmo com a ideia é decepcionante. Eu não bebo e não como a maioria das porcarias que servem em bares. Nunca recuso uma rodada de sinuca, só que estou começando a sentir como se estivesse no filme Feitiço do tempo, fazendo a mesma merda repetidamente.

— Nãh — respondi dando de ombros.

— Nãh? Qual o problema?

— Não estou no clima para jogar sinuca e te ver dar em cima de uma garota de 21 anos.

— Até onde sei, você ama garotas de 21 anos — observou.

Ele não está errado. Eu amo, mas, ultimamente, até levar uma garota bonita para casa parece vazio e entediante. Seria fácil atribuir isso ao fato de que estou com trinta anos e possa estar pronto para encontrar alguém especial para sossegar, mas não é como se já não tivesse tentado. Tive algumas namoradas sérias durante os últimos cinco anos, até pensei em pedir em casamento uma delas. Mas a sensação de que tem algo faltando sempre me domina no final. Nenhuma delas parecia afugentar a solidão profunda que se instalou em mim no minuto em que acordei da cirurgia. Parecia que estava faltando parte de mim. Ouvi sobre amputados terem a síndrome do membro fantasma, era possível ter isso com um coração? Porque era assim que parecia: um oco, a necessidade ofegante no centro do meu peito que ninguém que conheci foi capaz de aliviar.

Não me entenda mal, eram mulheres maravilhosas e tive sorte em pelo menos passar uma hora do dia com elas, só não conseguia superar essa sensação de que havia algo mais que eu deveria sentir. Ou talvez eu acreditasse demais nas besteiras de Hollywood e aquela ideia toda de que alguém que faz seu coração acelerar e vira sua vida do avesso seja apenas um conto de fadas.

Easton

Com a ponta de um lápis de cor cinza entre os dentes, encaro o quadro em que estive trabalhando e analiso a expressão no rosto do herói.

Alcanço a minha caneca preferida que repousa ao meu lado, sinto o aroma do adorável chai, arranco o lápis da minha boca e o troco por um gole do chá. Seguro a caneca diante de mim, olhando para ela como se não tivesse memorizado cada centímetro seu um milhão de vezes — está com a borda lascada logo acima da alça, a imagem desbotada de um dos meus primeiros personagens desenhada na frente com uma legenda boba. Era a caneca preferida de Paul. Comprei para ele no nosso primeiro aniversário de casamento e desde então ele se recusou a beber em qualquer outro recipiente. Dizia que algum dia a caneca valeria milhões.

Meu peito dói com uma saudade familiar. Você pode pensar que depois de cinco anos seria mais fácil pensar nele, mas aqui estou eu com um nó na garganta e novas rachaduras se formando em meu coração só de ver a porcaria da sua caneca.

Pouso meu chá e empurro os papéis, levantando para alongar as pernas.

Estou bem adiantado com meu cronograma mesmo, uma pequena pausa não vai prejudicar nada. Não que um atraso fosse grande coisa também. Minhas HQs vendem tão bem que minha editora só falta beijar o chão que eu piso.

Sinto outra pontada no peito. Ninguém acreditava em mim mais do que Paul, mas eu só arrumei um agente no ano seguinte à sua morte. Ele nunca chegou a ver o sucesso do qual foi parte importante.

Aparentemente, este seria um daqueles dias em que o fantasma de Paul assombra cada um dos meus pensamentos. Em alguns dias, eu quase não penso nele e depois me dou conta de que não pensei nele durante o dia inteiro e a culpa me deixa mal. Eu sei que ele não iria querer que me sentisse assim, mas não importa o que eu faça, não consigo deixar pra lá todos os “e se” e as esperanças vãs.

Perambulo pelo quarto extra onde estão encaixotadas todas as coisas de Paul. Depois de todo esse tempo, foi o mais longe que cheguei. E encaixotar tudo já foi bastante difícil, nem consigo imaginar me desfazer de uma única coisa. Não que deixar tudo juntando poeira no quarto que deveria ser o meu estúdio, mas que em vez disso é um mausoléu de memórias, esteja me fazendo muito bem.

Aproximando-me da caixa mais próxima, puxo o bilhete que ele me escreveu e que prendi na minha geladeira depois da nossa primeira transa.

East,
Não estou saindo de fininho e te dando um fora. Preciso ir trabalhar e você estava tão fofo dormindo que não quis te acordar para uma despedida apropriada.
Ontem foi a melhor noite da minha vida e, se você não me ligar, pode apostar que apareço na sua porta para garantir que terei outro encontro.
Beijos, Paul

Passei o dedo sobre as palavras, sentindo as marcas dos traços da caneta. Sua letra é confusa e quase ilegível. Eu daria praticamente qualquer coisa no mundo por uma de suas listas de compras escritas de maneira desleixada que me deixavam vesgo olhando para o papel no meio do corredor de cereais, tentando descobrir que diabos estava escrito ali.

Minha garganta fecha e dói por causa das lágrimas por cair enquanto vou até a caixa de novo para ver quais outros tesouros posso resgatar depois escondê-los às pressas.

Demorei vários segundos para reconhecer o cartão que peguei depois. É um cartão elegante de agradecimento com flores em aquarela na frente. Quando o abri, um suspiro escapou de meus lábios. Esqueci que este cartão sequer existia. Quando chegou do hospital, olhei-o e enfiei depressa ali dentro porque era difícil demais para ler.

Agora, analiso a caligrafia elegante, letras trabalhadas, cuidadosamente rabiscadas, como se cada palavra fosse minuciosamente considerada antes de ser escrita.

Quando o hospital se ofereceu para entregar um bilhete de agradecimento da minha parte, não tinha nem certeza do que escreveria. Obviamente, ainda não tenho. Não sei se receber um bilhete de agradecimento tornará tudo mais fácil ou mais difícil para você. Não sei nada sobre você além de que teve que desistir de alguém para eu poder viver e, por isso, não existem palavras suficientes para expressar a minha gratidão.

Posso não saber seu nome nem nada sobre você, mas sempre deverei a minha vida a você e ao seu marido.

Obrigado do fundo do meu coração, River Williams.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto descontroladamente conforme eu leio as palavras várias vezes, tentando me sentir grato por haver um vestígio de algo bom na morte de Paul. Mas eu não conheço este homem. Ele carrega uma parte de Paul pelo mundo e, pelo que sei, poderia ser um assassino, alguém que usa meias com chinelo, ou que diz presumidamente ao invés de presumivelmente. Ele leva Paul consigo aonde quer que vá, e pode ser qualquer um.

Esta não é a primeira vez que este pensamento cruza a minha mente nos últimos anos. Perdi as contas do número de estranhos por quem passei na rua e me perguntei se poderia ser a pessoa com o coração do meu marido batendo em seu peito. Será que eu saberia se o visse? Será que alguma parte da minha alma reconheceria o pedacinho de Paul vivo através deste homem se eu o avistasse no mercado ou numa cafeteria?

Meu telefone vibra no meu bolso e até penso em ignorá-lo, mas, se for o Fox, ele me comeria vivo por não atender.

Tiro o celular do meu bolso, o rosto do melhor amigo de Paul preenche a tela, então, deslizei para atender.

— Oi, Fox — atendo, soando tão melancólico quanto me sinto.

— Está tudo bem, East?

Fungo e passo as costas da minha mão nas minhas bochechas úmidas, jogando o cartão de volta na caixa de onde o tirei.

— Ah, sim, são lágrimas de felicidade — sou sarcástico.

Fox fica calado no outro lado da linha por tanto tempo que considero apenas desligar na cara dele. Teria feito isso se não pudesse imaginar claramente Paul me dizendo para ser legal com seu melhor amigo. Tenho certeza de que ele está tentando descobrir o que dizer. Nos primeiros anos, nós iríamos com o “Você quer conversar sobre isso?” quando ele me pegava arrasado, mas isso já está ficando velho, e acho que ele está tentando encontrar uma maneira gentil de me dizer que já está na hora de superar essa porra. Eu sei o que ele vai falar sem que seja necessário dizer: Paul iria querer que você fosse feliz. Paul não iria querer que sua vida terminasse porque a dele chegou ao fim. Paul não iria querer te ver se fechando para o mundo e ainda chorando por causa dele no meio da tarde cinco anos depois. Eu sei, porque venho dizendo todas essas coisas para mim mesmo repetidamente até que perderam o significado. As palavras são apenas sons incompreensíveis em meus ouvidos.

Tenho certeza de que existem várias coisas que Paul desejaria para mim, mas não sei como fazer nenhuma delas. Como seguir em frente quando o amor da minha vida foi embora? Como eu deveria me sentir feliz uma vez que Paul era a minha felicidade? Como eu deveria parar de chorar quando toda a cor foi embora do mundo sem Paul aqui? Paul não é o fantasma… eu sou.

— O que posso fazer? — pergunta Fox finalmente, soando tenso e cansado. Não tenho dúvidas de que ele vê o fato de se certificar de que estou bem, de cuidar de mim do jeito que Paul gostaria, como uma dívida a ele.

Meu olhar oscila para a caixa novamente e uma ideia começa a se formar na minha mente. Não sei por que, mas preciso saber como ele é, este homem cujo coração possui a mesma batida que memorizei muito tempo atrás. Será que seu coração sente saudades minhas sem nem saber por quê?

— O que diria se eu te pedisse para localizar alguém para mim?

Fox ingressou na academia de polícia depois do Ensino Médio, mas após levar um tiro no ombro, ele se aposentou com apenas cinco anos de serviço. Vagou por aí durante um tempo, vivendo dos benefícios que conseguiu por ser ferido no cumprimento do dever. Até que decidiu começar um negócio como investigador particular. Pelo que Paul dizia, ele era muito bom nisso também.

— Quem você quer que eu localize? — pergunta com prudência.

— River Williams.

Ouço um farfalhar e depois o som de uma caneta riscando um papel.

— Quem é o cara? É um nome incomum, então, deve ajudar, mas vou precisar de um pouco mais para seguir com isso.

— Ele fez um transplante de coração há cinco anos.

A escrita para e Fox suspira.

— East…

— Por favor — falo, apertando com força o telefone. — Eu só… preciso saber.

Fungo e me envergonho do quanto pareço patético, mas não é nada pior do que Fox já ouvira de mim antes. Este é o homem que me segurou incontáveis noites e me deixou chorar em sua camisa, o homem que sempre tinha palavras reconfortantes para mim, mesmo quando eu não suportava ouvi-las. Eu sei que ele faria qualquer coisa por mim… por Paul… e faria chantagem emocional se fosse preciso.

Ele suspira de novo, desta vez soando conformado.

— O que você precisa saber?

— Que ele é uma boa pessoa, que ele… merece.

Ele soltou uma risada sem humor.

— É um pouco tarde caso ele não mereça. O que você vai fazer se acontecer de ele ser um babaca? Vai arrancar o coração dele?

— Por favor? — falo em um sussurro.

— Se eu fizer isso, você precisa fazer algo por mim.

Hesitei, já certo de que odiarei o que quer que ele venha a me pedir. Só que agora que a ideia de conhecer este homem entrou na minha cabeça, ela parece imprescindível por algum motivo.

— Tudo bem, o que precisa que eu faça? — concordo.

— Preciso que você tente. Tenha um encontro, caramba, saia com seus amigos, saia de casa e faça algo divertido.

Mesmo sabendo que ele pediria isso, a demanda soou completamente irracional.

Mas se eu quero que ele encontre o tal de River Williams, sei que tenho que concordar.

— Tudo bem.

fbigin


06-) INTRÍNSECA:

Confira os lançamentos do mês

Leia em Março
Infantojuvenil
Livro Histórias selecionadas de Neil Gaiman

Neil Gaiman: histórias selecionadas,
de Neil Gaiman

Tradução de Leonardo Alves, Augusto Calil, Edmundo Barreiros, Fábio Barreto e Renata Pettengill

Coletânea inédita reúne contos e trechos emblemáticos do autor best-seller de Deuses americanos e O oceano no fim do caminho.

Conheça o livro
Livro Como o mundo funciona

Como o mundo funciona,

de Vaclav Smil

Tradução de Antenor Savoldi Jr.

Cientista renomado faz análise fundamental sobre o que a ciência e a tecnologia modernas são ou não capazes de fazer.

Conheça o livro
Livro A incrível lavanderia dos corações

A incrível Lavanderia dos Corações,

de Yun Jungeun

Tradução de Núbia Tropéia

Fenômeno literário coreano faz leitor se questionar como seria a vida se pudéssemos apagar nossas lembranças mais dolorosas.

Conheça o volume 2
Livro O país dos outros

O país dos outros,

de Leïla Slimani

Tradução de Dorothée de Bruchard

Autora de Canção de ninar apresenta um romance sensível sobre as complexidades de um casamento inter-racial e de ser mulher no Marrocos nos anos 1940.

Conheça o livro
Livro Mika na vida real

Mika na vida real,

de Emiko Jean

Tradução de Mayumi Aibe

Uma narrativa divertida e emocionante sobre maternidade, amor e o verdadeiro significado de família.

Conheça o livro
Livro Morra sem nada

Morra sem nada,

de Bill Perkins

Tradução de Antenor Savoldi Jr.

Com abordagem inovadora e provocativa, este guia prático ensina como aproveitar ao máximo o dinheiro em prol de experiências significativas.

Conheça o livro
Livro Tempos extremos

Tempos extremos,
de Míriam Leitão

Finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, romance de estreia da premiada jornalista Míriam Leitão ganha edição comemorativa e se mostra mais atual do que nunca.

Conheça o livro


07-) NEMO:


cheirinhos

Rudy