26/09/2019

RESENHA #45 - “O CONSTRUTOR DE PONTES” - MARKUS ZUSAK


LIVRO: “O CONSTRUTOR DE PONTES”
TÍTULO ORIGINAL: “BRIDGE OF CLAY”
AUTOR: MARKUS ZUSAK
TRADUTOR: STEPHANIE FERNANDDES e THAÍS PAIVA
EDITORA: INTRÍNSECA
 PÁGINAS – 528
  EDIÇÃO 2018
CATEGORIA: FICÇÃO AUSTRALIANA
ASSUNTO: ROMANCE
ISBN: - 9778-85-510-0398-5

O construtor de pontes

CITAÇÃO:

“Não havia dúvidas de que ele pintava bem, lindamente até; conseguia capturar um rosto, tinha um olhar apurado. Era capaz e desenvolver seus temas no papel ou na tela, mas a verdade é que ele sabia muito bem: fazia o dobro de esforço de todos os outros estudantes, que ainda produziam mais rápido. E seu talento se restringia a uma única área. À qual ele se agarrava com unhas e dentes.” (pág. 166)

ANÁLISE TÉCNICA:

-CAPA-

A capa é toda vermelha com teclado de piano branco e preto como se estivesse sendo arrancado e voando, como os pássaros brancos e pretos que o sobrevoam.
Capa: Aline Ribeiro/linesribeiro.com
Imagem: @Shutterstock/Ildar Galeev

NOTA: 4,70  DE 5,OO

-DIAGRAMAÇÃO:

As folhas são levemente amareladas com letra pretas Electra LH e folhas pretas com letras brancas dividindo as partes do livro.
Conteúdo: dedicatória; antes do início; oito parte numeradas e com títulos; depois do fim; e agradecimentos.
Diagramação: Julio Moreira/Equatorium Design.

NOTA: 4,70  DE 5,00

- ESCRITA:

A narrativa é descritiva em primeira pessoa por um dos protagonistas, escrevendo um livro como se fosse uma fábula. Alguns diálogos complementares mostram os comportamentos e atitudes das personagens.
A linguagem é envolvente, criativa, de fácil entendimento, como as próprias fábulas são.
Revisão: Ângelo Lessa, Giu Alonso, Cristiane Pacanowski/Pipa Conteúdos editoriais, Juliana Werneck, Luisa Suassuna, Mariana Bard.

NOTA: 4,60  DE 5,00

CITAÇÃO:

“No fim, tudo foi definido enquanto ela tomava chá. Surgiu a certeza abjeta sobre a única forma de me ajudarem, e não era comparecerem à escola. Não era buscar proteção.” (pág. 263)

“A primavera se transformava em verão, e seguíamos em marcha.
Era correr e viver.
E manter a disciplina, perfeitos idiotas.
Em casa, ficávamos à deriva; sempre tínhamos razões para brigar, gargalhar ou fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
Nas ruas, era diferente:
Quando corríamos, sabíamos onde estávamos.
Acho que era a combinação perfeita de amor nos tempos do caos e amos nos tempos do controle; éramos puxados para os dois lados, e vivíamos entre extremos.” (pág. 344)


SINOPSE:

“Se em A menina que roubava livros é a morte quem conta a história, em O construtor de pontes, novo romance de Markus Zusak, presente e passado se fundem na voz de outro narrador igualmente potente: Matthew, o filho mais velho da família Dunbar. Sentado na cozinha de casa diante de uma máquina de escrever antiga, ele precisa nos contar sobre um dos seus quatro irmãos, Clay. Tudo aconteceu com ele. Todos mudaram por causa dele.
Anos antes, os cinco garotos haviam sido abandonados pelo pai sem qualquer explicação. No entanto, em uma tarde ensolarada e abafada o patriarca retorna com um pedido inusitado: precisa de ajuda para construir uma ponte. Escorraçado pelos jovens e por Aquiles, a mula de estimação da família, o homem vai embora novamente, mas deixa seu endereço num pedaço de papel. Acontece que havia um traidor entre eles: Clay.
É Clay, então, quem parte para a cidade do pai, e os dois, juntos, se dedicam ao projeto mais ambicioso e grandioso de suas vidas: uma ponte feita de pedras e também de lembranças — lembranças da mãe, do pai, dos irmãos e dele mesmo, do garoto que foi um dia, antes de tudo mudar. O tempo, assim como o rio sob a ponte, tem uma força avassaladora, capaz de destruir, mas também de construir novos caminhos.
O construtor de pontes narra a jornada de uma família marcada pela culpa e pela morte. Com uma linguagem poética e inventiva, Markus Zusak nos presenteia mais uma vez com uma história inesquecível, uma trama arrebatadora sobre o amor e o perdão em tempos de caos.”

CITAÇÃO:

“Ele jamais seria capaz de expressar sua gratidão, pelo livro e pelo toque dos braços dela. Sabia que nunca mais voltaria a vê-la, que não haveria mais nada a ser dito. Pela fresta derradeira, antes de as portas do elevador se fecharem por completo, ela abriu um sorriso.” (pág. 447)

RESUMO SINÓPTICO:

MATTHEW DUNBAR está sentado em sua cozinha, teclando na velha máquina de escrever e divagando sobre as lembranças do passado. Traz para si a responsabilidade de contar  a história da família Dunbar, principalmente um dos seus quatro irmãos: CLAY.
Os cinco irmãos: MATTHEW, HORY, HENRY, CLAYTON E THOMAS tentam sobreviver nos arredores do subúrbio de Sidney, de uma forma bem desorganizada, entre móveis velhos, filmes antigos, jogos de games, roupas espalhadas e muitas brigas entre eles. Passaram por muitas dificuldades: viram a mãe morrer alguns anos atrás e o pai desaparecer, deixando-os sozinhos...
Cada irmão tomou um rumo em suas vidas: Matthew trouxe para si a responsabilidade de cuidar dos irmãos mais novos; Rory se tornou um lutador bruto e invencível, mas com o péssimo hábito de furtar as caixas de correio do bairro; Henry se tornou um colecionador que vive ‘garimpando’ objetos em vendas de garagem; o caçula Thomas traz para casa todos os animais que encontra pela rua, inclusive a mula Aquiles; e, Clay que passou a vida se preparando fisicamente para algum tipo de construção que ainda não sabe qual é... ele é a personagem central de toda a trama familiar dos Dunbar.
Um belo dia MICHAEL DUNBAR, pai dos garotos, irrompe em sua antiga casa e faz uma convite inesperado: precisa que um deles o ajude a construir uma ponte. Os filhos bem revoltados nem querem saber do que o pai precisa ou não, e, não aceitam a proposta dele, menos o ‘traidor’: Clay, que resolve acompanhar o pai para tal construção da ponte.
Clay descobre que essa construção não é apenas material, pedras, cimento e material de construção, é feita de lembranças do passado, carregadas de dor, sofrimento, perdas e acima de tudo de perdão...

ANÁLISE CRÍTICA E DO AUTOR:

Sei que o autor se tornou renomado aqui no Brasil após o livro “A menina que roubava livros” e é tido como uma dos melhores escritores, devido sua narrativa. Não discordo disso após ler “O construtor de pontes, embora no primeiro quinto do livro, até pensei em deixar a leitura (coisa que nunca faço), não porque o livro seja ruim, mas não conseguir me conectar de primeira com a linguagem usada por ele, vagava entre as linhas sem estar entendendo nadinha...(erro meu). Como não sou de desistir de nenhuma leitura, principalmente de um escritor considerado tão bom, dei um tempo, fui ler outro livro mais empolgante e depois retomei a leitura e assim sim, pude me emocionar e aproveitar todo conhecimento transmitido pelo autor em sua fábula bem escrita.
Devo alertar que talvez não seja um livro para todos os leitores, primeiro porque é como se fosse uma colcha de retalhos, um quebra cabeças a ser montado aos poucos, porque vai ao passado, retorna ao presente e vão se confundindo e entremeando os fatos aos quais devemos estar atentos aos detalhes para não perder uma só lógica exposta; em seguida acompanhamos o sofrimento dos irmãos, todo caos familiar que foram obrigados a enfrentar, as perdas, o luto, a briga entre os irmãos para se manterem um pouco sãos diante da total desestrutura que passaram na adolescência; e ainda, toda a linguagem poética que envolve o enredo, além de algumas tiradas mais irônicas e humorísticas que tentam amenizar todos os sentimentos envolvidos aos protagonistas, e isso pode mexer muito com as emoções de quem está lendo.
Quando o livro começa a ficar angustiante diante da vida desses rapazes, confesso que uma vez mais pensei em desistir da leitura. Achei que, ainda vivendo meu próprio luto, não seria capaz de enfrentar tanta dor e sofrimento que as personagens muito bem delineadas mostravam, porém já estava conquistada por eles e resolvi uma vez mais continuar a leitura, mesmo me compadecendo com tudo. E foi muito bom, porque todas as reflexões e quebra de paradigmas que o livro traz, puderam ordenar melhor meus sentimentos e saber que o perdão é o melhor caminho para curar tudo.
Sei que essa resenha pode parecer um pouco diferenciada e talvez menos objetiva dos que costumo fazer, mas é que o livro realmente  trouxe para mim, grandes reflexões e algumas mudanças que talvez não esteja conseguindo transcrever para cá, foi bem mais profundo do que esperava e ao mesmo tempo, catártico para minha dor.
Recomendo a leitura sim e com grande prazer.

NOTA : 4,80 DE 5,00

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SOBRE O AUTOR:

Foto -Markus Frank Zusak

Mais novo de quatro filhos de um austríaco e uma alemã, Markus cresceu ouvindo histórias a respeito da Alemanha Nazista, sobre o bombardeio de Munique e sobre judeus marchando pela pequena cidade alemã de sua mãe. Ele sempre soube que essa era uma história que ele queria contar.
"Nós temos essas imagens das marchas em fila de garotos e dos 'Heil Hitlers' e essa ideia de que todos na Alemanha estavam nisso juntos. Mas ainda haviam crianças rebeldes e pessoas que não seguiam as regras e pessoas que esconderam judeus e outras pessoas em suas casas. Então eis outro lado da Alemanha Nazista", disse Zusak numa entrevista com o The Sydney Morning Herald.
Aos 30 anos, Zusak já se firmou como um dos mais inovadores e poéticos romancistas dos dias de hoje. Com a publicação de "A Menina que Roubava Livros", ele foi batizado como um "fenômeno literário" por críticos australianos e norte-americanos. Zusak é o autor vencedor do prêmio de quatro livros para jovens: "The Underdog", "Fighting Ruben Wolfe", "Getting the Girl", e "Eu Sou o Mensageiro", receptor de um Printz Honor em 2006 por excelência em literatura jovem. Markus Zusak vive em Sydney com sua esposa e sua filha. Gosta de surfar e assistir filmes em seu tempo livre.

CHEIRINHOS

RUDY




19 comentários:

  1. Olá Rudy! Gostei muito do A menina que roubava livros, então assim que vi o lançamento desse livro já fiquei bastante interessada nele e cada resenha que vejo dele me deixa ainda amais curiosa em conferi isso tudo que dizem, também acho que não seja um livro para todos os leitores.
    Bjs

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    1. Mi!
      Só ter paiência para ler, porque ele é grandão, mas é bom.
      cheirinhos
      Rudy

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  2. Olá, Rudy! ♡ Ainda não conheço a escrita do autor, mas tenho muita vontade, pois já ouvi falar muito bem sobre o autor e suas obras!
    Adoro leituras que nos fazem refletir, vou dar uma chance a esse livro!
    Obrigada pela indicação! Beijos! ♡

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  3. Olá Rudy!!
    Ainda não li nenhum livro do MARKUS ZUSAK, “A menina que roubava livros” só assisti o filme e gostei, mas não li o livro!! Mas gosto muito de livro com dramas familiares e que nos faz refletir e sim gostaria muito de ler se tiver oportunidade!

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    1. Lucia!
      Assisti o filme também e o livro é bom.
      cheirinhos
      Rudy

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  4. Olá Rudy!
    Que historia interessante. Não conhecia o autor mais fiquei bastante intrigada com essa trama, tem uma premissa muito boa. Os personagens me deixou curiosa por cada um deles e saber como irão se resolver.

    Meu blog:
    Tempos Literários

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    1. Lily!
      O livro é bom mesmo, o auor escreve bem e passa reflexões importantes.
      cheirinhos
      Rudy

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  5. Oiii ❤ Nossa, é algo bem inusitado mesmo o pai, depois de ter abandonado os filhos, volte pedindo que eles o ajudem a construir uma ponte.
    Gostei que a obra fala sobre amor e perdão, nunca imaginei que esse livro também se tratasse disso.
    Esses irmãos parecem ter sofrido muito com a morte da mãe, o abandono do pai e tudo mais.
    Bom saber que é um livro com boas reflexões.
    Vou querer fazer essa leitura e conhecer a escrita do autor.
    Beijos ❤

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    1. Rayane!
      É uma família bem desorganizada, mas no final vale a pena.
      cheirinhos
      Rudy

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  6. Eu quero ler assim que puder!
    Adorei A Menina que roubava livros, é um dos meus preferidos da vida, e esse parece ser bem emocionante, tocante de muitas formas.
    O autor tem uma maneira bem própria de escrever, acho legal, mas cansativa né, teve outro livro dele que comecei mas parei.
    bjs

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  7. Já tinha visto a capa desse livro em algumas lojas, mas não tinha ligado o nome do autor ao livro A menina que roubava livros. Realmente parece ter sido uma leitura que mexeu com você, afinal entre o desiste e o não desiste permaneceu firme até o fim. Eu também dificilmente abandono uma leitura, por mais pesaroso que seja, mas também dou um tempo às vezes.

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    1. Evandro!
      Foi bom ter lido até o final, muitos ensinamentos.
      cheirinhos
      Rudy

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  8. Depois de ter lido A Menina Submersa, nenhum livro me amedronta mais 😂😂😂
    Dizem que o autor é realmente espetacular, mas não li nenhum livro dele, só assisti filme.
    Mas amei a resenha e parece ser realmente muito bom.

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    1. Halana!
      Pois é, gostei do livro.
      Quando puder leia.
      cheirinhos
      Rudy

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  9. Ainda não li "A menina que roubava livros", que realmente ficou bem popular aqui no Brasil, então eu não conheço a escrita do autor, e como você disse que teve que se adaptar a essa linguagem, talvez quando eu for ler esse livro tenha essa mesma dificuldade. Mas as história do livro é bem interessante.

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    1. Marcy!
      A mensagem do livro é ótima.
      Bom final de semana.
      cheirinhos
      Rudy

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  10. Oi, Rudy! Eu adoro A menina que roubava livros! Quero mto ler esse tbm. Gosto qdo o autor brinca com a passagem do tempo, intercalando passado e presente. A história parece ser bem tocante e repleta de reflexões.

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Adoro ler seus comentários, portanto falem o que pensam sem ofensas e assim que puder, retribuirei a visita e/ou responderei aqui seu comentário.
Obrigada!!
cheirinhos
Rudy