LIVRO: “A UMIDADE
RELATIVA DAS PALAVRAS” (LITERATURA NACIONAL)
AUTOR: ADRIANO DE ANDRADE
EDITORA: JAGUATIRICA
PÁGINAS – 94
1ª EDIÇÃO 2019
CATEGORIA: CONTOS BRASILEIROS
ASSUNTO: CONTOS
ISBN: - 978-85-5662-190-0
CITAÇÃO:
“EM um dia como outro qualquer, entrou pelo gramado e se
aproximou do jardineiro para passar algumas instruções. Viu como o calor
daquela tarde o deixara suado. A camisa grudada à pele delineava os inúmeros
músculos de seu torso. Suas mãos estavam sujas de adubo e terra. Usava um
chapéu de aba curta que protegia o rosto quadrado até a borda do queixo, mas a
sombra não era suficiente para esconder
a beleza de seus traços romanos. [...]” (Conto Longas tardes – pág. 29)
ANÁLISE TÉCNICA:
-CAPA-
Folhas de uma planta grande de um verde quase cinza.
Imagem da capa: Shutterstock.
NOTA: 4,50 DE 5,OO
-DIAGRAMAÇÃO:
As folhas são amareladas com letras pretas na média.
Fonte: Tiempos Text.
Papel pólen Soft 80g/m²
Conteúdo: pensamentos; dedicatória; sumário; prefácio; e, dezesseis contos com títulos e na divisão de
cada conto, uma folha igual a capa.
Projeto gráfico e diagramação: 54 design.
NOTA: 4,50 DE 5,00
- ESCRITA:
Alguns são escritos em primeira pessoa e outros em terceira
pessoa, alguns com diálogos complementares.
A linguagem é contemporânea e um pouco mais culta, com
palavras menos casuais e de fácil entendimento, ideias concatenadas e fluidez
na escrita.
Revisão: Hanny Saraiva.
NOTA: 4,80 DE 5,00
CITAÇÃO:
“Ela continuou a falar comigo, mas não consegui entender uma
só palavra, as abelhas pareciam estar dentro da minha cabeça, que mais parecia
uma colmeia. A imagem da minha irmã foi se misturando à presença de toda aquela
gente enquanto ela se encaminhava para o fundo da sala, afastando-se de mim até
que eu não pude mais vê-la.[...]” (Conto Lá pelas quatro - pág. 50)
SINOPSE:
"A umidade relativa das palavras" é como uma
surpresa na porta de casa: você abre e pode ser surpreendido, por uma pancada
surda e vigorosa, ou por uma ponte que encurta os caminhos, ligações que
restabelecem o vazio e quebram o silêncio. Autor de "O inverno que não
acabou e outros contos" (2015), Adriano de Andrade neste seu novo livro
percorre um emaranhado de vozes conhecidas e desconhecidas, ora com palavras
áridas, ora com palavras úmidas, entrelaçando temas como rivalidade entre
irmãs, a linha tênue familiar que agride e sufoca, os medos, as vertigens, a
repulsa, a morte, o amor, os vícios. A escrita de Adriano de Andrade parece
inofensiva, mas é vigorosa e sedutora: uma miríade de gestos que passamos a
descobrir e apreciar, como enlaçados por uma paixão suspensa no ar. Seus contos
têm a capacidade de esparramar letras a perder de vista, envolver e entorpecer
o leitor, transformar a escrita para que a leitura seja pura melodia. E, em
meio a angústias e reflexões, a figura da mulher surge como referência de
protagonismo neste conjunto de belas narrativas curtas.”
CITAÇÃO:
“-Oi, meu amor, quando vi aparecendo no meu telefone esse
número privado, desconhecido, atendi logo, pois sabia que era você. Esperei o
dia inteirinho, mas entendo o teu trabalho, muita correria, reuniões,
audiências e tudo mais. Não posso te culpar, até quero um pouco fazer isso, mas
não posso. Mas agora à noite, prefiro falar por nós dois nessa conversa, sei
que você fica mudo pela tua mulher e pelos filhos, eu entendo, mas queria que
você soubesse que eu também posso te dar tudo isso e muito mais. Eu te perdoo.
Mas você precisa me perdoar também. Não fiz por mal. Só queria um pouquinho da
sua atenção. [...]” (Conto O que resta entre nós jamais será sobra – pág. 76)
RESUMO SINÓPTICO:
São dezesseis contos com assuntos diversos e corriqueiros,
parecem realistas e bem escritos. Versam sobre assuntos do cotidiano.
ANÁLISE CRÍTICA E DO AUTOR:
Quem acompanha o blog sabe o quanto de gosto de contos,
principalmente de nossos autores nacionais que mostram sempre sua
versatilidade. E é o que encontrei nesse livro bem escrito.
Não comentarei sobre cada conto especificamente, afinal,
tratam de assuntos diversos como: algum suspense, sentimentos como vingança e
desgosto, alguns até com um toque de crueldade, sobre a vida, família, enfim,
assuntos comuns ao nosso dia a dia. O que posso dizer é que apesar de alguns
serem chocantes, as personagens são tão bem delineadas que acabam conquistando
o leitor e tornando a leitura muito agradável.
O mais apaixonante é a forma bem escrita, cada frase, cada
conto, delineado com frases precisas, com palavras tecidas com um cuidado que
seu texto se torna primoroso, a ponto de vivenciarmos cada sentimento, cada
atitude, cada ponto de vista de cada personagem, de seus narradores e de suas
vivências, trazendo sempre um final surpreendente ou alguns, de certa forma em
aberto, deixando a imaginação do leitor, tirar suas próprias conclusões.
Não tem como não nos identificarmos com a leitura pelo
simples fato dos relatos estarem ligados a convivência humana em suas várias
formas, mostrando a fragilidade e a sensibilidade que as relações trazem para
nossas vidas e tudo isso com o olhar inteligente e sensível da observação
humana do autor.
Sim, indico o livro, principalmente para quem gosta de
contos bem escritos e que mostram uma realidade bem próxima a nossa.
NOTA : 4,70 DE 5,00
SOBRE O AUTOR:
Adriano de Andrade Barbosa nasceu em Juiz de Fora/MG, tem 44
anos e é formado em Engenharia Elétrica, com mestrado pela COPPE/UFRJ. Trabalha
atualmente no Rio de Janeiro e reside em Niterói. Casado, pai de dois filhos,
acredita que a união entre a literatura e a engenharia resulta em
transformação: “Agora, sou letras e números”. Autor de O inverno que não acabou
e outros contos (Editora Novo Século), Contágios (Editora Oito e Meio), É duro
ser cabra na Etiópia – Maitê Proença (Editora Agir), Contos de Todos Nós
(Editora Hama), Livro de Ouro da Poesia Brasileira Contemporânea (Câmara
Brasileira de Jovens Escritores) e Antologia de Poetas Brasileiros
Contemporâneos (Câmara Brasileira de Jovens Escritores).
Exemplar cedido pela Oasys Cultural.
CHEIRINHOS
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