22/09/2011

NO DIVÃ ALEGRIA #3

* A saúde e as emoções - Medicina Bioenergética*

 
* A saúde e as emoções - Medicina Bioenergética*
 
Entrevista com o Dr. Jorge Carvajal, médico cirurgião da Universidade de
Andaluzia, Espanha, pioneiro da Medicina Bioenergética.
 10 de março de 2009.
 
Qual adoece primeiro: o corpo ou a alma?
A alma não pode adoecer, porque é o que há de perfeito em ti, a alma evolui,
 aprende. Na realidade, boa parte das enfermidades são exatamente o
 contrário: são a resistência do corpo emocional e mental à alma. Quando
 nossa personalidade resiste aos desígnios da alma, adoecemos.
 
A Saúde e as Emoções.
 Há emoções prejudiciais à saúde ? Quais são as que mais nos prejudicam ?
 70 por cento das enfermidades do ser humano vêm do campo da consciência
 emocional. As doenças muitas vezes procedem de emoções não processadas, não
 expressadas, reprimidas. O medo, que é a ausência de amor, é a grande
 enfermidade, o denominador comum de boa parte das enfermidades que temos
 hoje. Quando o temor se congela, afeta os rins, as glândulas supra renais,os
 ossos, a energia vital, e pode converter-se em pânico.
 
Então nos fazemos de fortes e descuidamos de nossa saúde ?
 De heróis os cemitérios estão cheios. Tens que cuidar de ti. Tens teus
 limites,não vás além. Tens que reconhecer quais são os teus limites e superá-los,
 pois, se não os reconheceres, vais destruir teu corpo.
 
Como é que a raiva nos afeta ?
 A raiva é santa, é sagrada, é uma emoção positiva, porque te leva à
 auto afirmação, à busca do teu território, a defender o que é teu, o
 que é justo. Porém, quando a raiva se torna irritabilidade,
 agressividade, ressentimento, ódio, ela se volta contra ti e afeta o fígado,
 a digestão, o sistema imunológico.
 
Então a alegria, ao contrário, nos ajuda a permanecer saudáveis ?
 A alegria é a mais bela das emoções, porque é a emoção da inocência, do
 coração e é a mais curativa de todas, porque não é contrária a nenhuma
 outra. Um pouquinho de tristeza com alegria escreve poemas. A alegria com
 medo leva-nos a contextualizar o medo e a não lhe darmos tanta importância.
 
A alegria acalma os ânimos ?
 Sim, a alegria suaviza todas as outras emoções, porque nos permite
 processá-las a partir da inocência. A alegria põe as outras emoções em
 contato com o coração e dá-lhes um sentido ascendente. Canaliza-as para que
 cheguem ao mundo da mente.
 
E a tristeza ?
 A tristeza é um sentimento que pode te levar à depressão quando te deixas
 envolver por ela e não a expressas, porém ela também pode te ajudar. A
 tristeza te leva a contatares contigo mesmo e a restaurares o controle
 interno. Todas as emoções negativas têm seu próprio aspecto
 positivo.Tornamo-las negativas quando as reprimimos.
 
 

Convém aceitarmos essas emoções que consideramos negativas como parte de nós
 mesmos?
 Como parte para transformá-las, ou seja, quando se aceitam, fluem, e já não
 se estancam e podem se transmutar. Temos de as canalizar para que cheguem à
 cabeça a partir do coração. Que difícil! Sim, é muito difícil. Realmente as
 emoções básica são o amor e o medo (que é ausência de amor), de modo que
 tudo que existe é amor, por excesso ou deficiência. Construtivo ou
 destrutivo. Porque também existe o amor que se aferra, o amor que
 super protege, o amor tóxico, destrutivo.
Como prevenir a enfermidade ?
 Somos criadores, portanto creio que a melhor forma é criarmos saúde. E, se
 criarmos saúde, não teremos que prevenir nem combater a enfermidade, porque
 seremos saúde.
E se aparecer a doença ?
 Teremos, pois, de aceitá-la, porque somos humanos. Krishnamurti também
 adoeceu de um câncer de pâncreas e ele não era alguém que levasse uma vida
 desregrada. Muita gente espiritualmente muito valiosa já adoeceu. Devemos
 explicar isso para aqueles que creem que adoecer é fracassar.
 O fracasso e o êxito são dois mestres e nada mais. E, quando tu és o
 aprendiz, tens que aceitar e incorporar a lição da enfermidade em tua
 vida. Cada vez mais as pessoas sofrem de ansiedade. A ansiedade é um
 sentimento de vazio, que às vezes se torna um oco no estômago, uma sensação de falta de
 ar. É um vazio existencial que surge quando buscamos fora em vez de
 buscarmos dentro. Surge quando buscamos nos acontecimentos externos, quando
 buscamos muleta, apoios externos, quando não temos a solidez da busca
 interior. Se não aceitarmos a solidão e não nos tornarmos nossa própria
 companhia, sentiremos esse vazio e tentaremos preenchê-lo com coisas e
 posses. Porém, como não pode ser preenchido de coisas, cada vez mais o vazio
 aumenta.
 
Então, o que podemos fazer para nos libertarmos dessa angústia ?
 Não podemos fazer passar a angústia comendo chocolate ou com mais calorias, ou
 buscando um príncipe fora. Só passa a angústia quando entras em teu
 interior, te aceitas como és e te reconcilias contigo mesmo. A angústia vem
 de que não somos o que queremos ser, muito menos o que somos, de modo que
 ficamos no "deveria ser", e não somos nem uma coisa nem outra. O stress é
 outro dos males de nossa época. O stress vem da competitividade, de que quero
 ser perfeito, quero ser melhor, quero ter uma aparência que não é minha,
 quero imitar. E realmente só podes competir quando decides ser um
 competidor de ti mesmo, ou seja, quando queres ser único, original,
 autêntico e não uma fotocópia de ninguém. O stress destrutivo prejudica o
 sistema imunológico. Porém, um bom stress é uma maravilha, porque te permite
 estar alerta e desperto nas crises e poder aproveitá-las como oportunidades
 para emergir a um novo nível de consciência.
 

 O que nos recomendaria para nos sentirmos melhor com nós mesmos ?
 A solidão. Estar consigo mesmo todos os dias é maravilhoso. Passar 20
 minutos consigo mesmo é o começo da meditação, é estender uma ponte para a
 verdadeira saúde, é aceder o altar interior, o ser interior.
Minha
 recomendação é que a gente ponha o relógio para despertar 20 minutos antes,
 para não tomar o tempo de nossas ocupações. Se dedicares, não o tempo que te
 sobra, mas esses primeiros minutos da manhã, quando estás rejuvenescido e
 descansado, para meditar, essa pausa vai te recarregar, porque na pausa
 habita o potencial da alma.
 
O que é para você a felicidade ?
 É a essência da vida. É o próprio sentido da vida. Estamos aqui para sermos
 felizes, não para outra coisa. Porém, felicidade não é prazer, é
 integridade. Quando todos os sentidos se consagram ao ser, podemos ser
 felizes. Somos felizes quando cremos em nós mesmos, quando confiamos em nós,
 quando nos empenhamos transpessoalmente a um nível que transcende o pequeno
 eu ou o pequeno ego. Somos felizes quando temos um sentido que vai mais além
 da vida cotidiana, quando não adiamos a vida, quando não nos alienamos de
 nós mesmos, quando estamos em paz
e a salvo com a vida e com nossa
 consciência. Viver o Presente.
 
É importante viver no presente? Como conseguir?
 Deixamos ir-se o passado e não hipotecamos a vida às expectativas do futuro
 quando nos ancoramos no ser e não no ter, ou a algo ou alguém fora. Eu digo
 que a felicidade tem a ver com a realização, e esta com a capacidade de
 habitarmos a realidade. E viver em realidade é sairmos do mundo da confusão.
 
Na sua opinião, estamos tão confusos assim ?
 Temos três ilusões enormes que nos confundem:
 Primeiro: cremos que somos um corpo e não uma alma, quando o corpo é o
 instrumento da vida e se acaba com a morte.
 Segundo: cremos que o sentido da vida é o prazer, porém com mais prazer não
 há mais felicidade, senão mais dependência.. Prazer e felicidade não são o
 mesmo. Há que se consagrar o prazer à vida e não a vida ao prazer.
 Terceiro: ilusão é o poder; desejamos o poder infinito de viver no mundo. E
 do que realmente necessitamos para viver? Será de amor, por acaso?
 O amor, tão trazido e tão levado, e tão caluniado, é uma força renovadora. O
 amor é magnífico porque cria coesão. No amor tudo está vivo, como um rio que
 se renova a si mesmo.
No amor a gente sempre pode renovar-se, porque ordena
 tudo. No amor não há usurpação, não há transferência, não há medo, não há
 ressentimento, porque quando tu te ordenas, porque vives o amor, cada coisa
 ocupa o seu lugar, e então se restaura a harmonia. Agora, pela perspectiva
 humana, nós o assimilamos com a fraqueza, porém o amor não é fraco.
 Enfraquece-nos quando entendemos que alguém a quem amamos não nos ama. Há
 uma grande confusão na nossa cultura. Cremos que sofremos por amor, porém
 não é por amor, é por paixão, que é uma variação do apego. O que
 habitualmente chamamos de amor é uma droga. Tal qual se depende da cocaína,
 da maconha ou da morfina, também se depende da paixão. É uma muleta para
 apoiar-se, em vez de levar alguém no meu coração para libertá-lo e
 libertar-me. O verdadeiro amor tem uma essência fundamental que é a
 liberdade, e sempre conduz à liberdade. Mas às vezes nos sentimos atados a
 um amor. Se o amor conduz à dependência é Eros. Eros é um fósforo, e quando
 o acendes ele se consome rapidamente em dois minutos e já te queima o dedo.Há
 amores que são assim, pura chispa. Embora essa chispa possa servir para
 acender a lenha do verdadeiro amor.. Quando a lenha está acesa, produz fogo.
 Esse é o amor impessoal, que produz luz e calor.
 
Pode nos dar algum conselho para alcançarmos o amor verdadeiro?
 Somente a verdade. Confia na verdade; não tens que ser como a princesa dos
 sonhos do outro, não tens que ser nem mais nem menos do que és. Tens um
 direito sagrado, que é o direito de errar; tens outro, que é o direito de
 perdoar, porque o erro é teu mestre. Ama-te, sê sincero contigo mesmo e
 leva-te em consideração. Se tu não te queres, não vais encontrar ninguém que
 possa te querer. Amor produz amor. Se te amas, vais encontrar amor. Se não,
 vazio. Porém nunca busques migalhas, isso é indigno de ti. A chave então é
 amar-se a si mesmo. E ao próximo como a ti mesmo. Se não te amas a ti, não
 amas a Deus, nem a teu filho, porque estás apenas te apegando, estás
 condicionando o outro. Aceita-te como és; não podemos transformar o que não
 aceitamos, e a vida é uma corrente permanente de transformações.

Um comentário:

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Obrigada!!
cheirinhos
Rudy