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11/02/2018

RESENHA #05 - ”CALIBRE 40” (LITERATURA NACIONAL) - OSCAR BESSI FILHO

LIVRO: ”CALIBRE 40” (LITERATURA NACIONAL)
AUTOR: OSCAR BESSI FILHO
EDITORA: RUA DOS CATAVENTOS
PÁGINAS – 108
1ª  EDIÇÃO 2010
CATEGORIA: LITERATURA BRASILEIRA
ASSUNTO: CONTOS NACIONAIS
ISBN: - 978-85-909882-2-8

Calibre 40

CITAÇÃO:

“A dor no braço eu só senti depois, conto ao repórter. Por que não disparei? Vidas em jogo. Na verdade, havia muita gente na mira das armas, naquele instante, e eu precisava preservar as pessoas. A vida. O repórter do outro canal grita, repete, ficou bonito, repete.”(pág. 31)

ANÁLISE TÉCNICA:

-CAPA-

Cano de um revolver, ainda com fumaça saindo. Fundo todo preto.
A capa é bem condizente com o conteúdo do livro.
Feita por Diego Ka.

NOTA: 5,00 de 5,00


-DIAGRAMAÇÃO:

As folhas são brancas com letras pretas acima da média. Se por um lado a brancura da páginas atrapalha um pouco a leitura, as letras maiores, facilitam.
Conteúdo: pensamento; dedicatória; índice; e, treze contos com títulos.
É bem simples, porém eficiente para o conteúdo.
Coordenação: Cristiane Souza Tain.

NOTA: 4,50 de 5,00

- ESCRITA:

O que falar da escrita? Devo dizer que é uma linguagem bem popular, com gírias da malandragem e alguns palavrões, totalmente coerentes com os textos. Nada que choque ou deixe o leitor desassossegado. Apenas uma linguagem um pouco mais vulgar, mas sem excessos.
Impecável a recisão feita por Tiago Freitas.

NOTA: 4,80 de 5,00

CITAÇÃO:

“Crianças tagarelavam agitadas em volta do videogame. Os policiais foram conduzidos através da cozinha, onde duas mulheres de biquíni cheiravam cocaína sem se importar com a movimentação dos homens. Um pôster do Ronaldinho. Gaúcho aparecia grudado à fita adesiva na porta da geladeira. Andaram até o salão, nos fundos, sem piso. Junto à parede, havia uma imagem de tamanho humano de Nossa Senhora do Amparo, cercada de velas e guias. Cinco ou seis pacotes coloridos, espalhados em torno de uma bandeja de doces, à frente da santa, atraíam moscas e formigas.” (pág. 70)

SINOPSE:

“Ele olhava para o nada, a boca em sangue, o peito, a farda, a mão com o marlboro amassado, chegando ao filtro. Pneus cantaram, mais tiros, estilhaços de vidros, até que um silêncio mormacento tomou conta de tudo. Restou fumaça e aquele cheiro de sangue e pólvora, uma ardência indefinida tomando conta dos ossos. Senti meu braço dormente e vi que estava baleado. Ouvi vozes num alarido confuso. Levantei com dificuldade, peguei o rosto de Romeu.
Porra, cara! Dá para falar comigo? Dá para dizer que é mentira?”

CITAÇÃO:

“O negócio é entrar com o pé direito. Sempre.” (pág. 91)


RESUMO SINÓPTICO:

O livro traz uma coletânea de contos policiais, escritos pelo autor ao longo da vida, alguns foram até premiados.
Os contos mostram o retrato de uma realidade dura, de forma nua e crua, carregada de violência e sem muitas glórias. Falam de policiais bons e maus que transitam sobre os bandidos e pessoas comuns. Fala sobre a loucura e os desejo humanos mais corriqueiros.
Como jornalista, mostra em seus contos, a forma impiedosa que a vida se apresenta. É um livro duro, como o calibre de um revólver.


CITAÇÃO:

“Não há segurança, grita a televisão, não há verba, diz deputado, não há folga, resmunga o sargento, não há conversa, sentencia a bota nervosa do soldado no calçadão. Caído, o menino tenta sussurrar que não há mais fome, nem dor. Só pedra. Mas perdeu a graça.” (pág. 101)


ANÁLISE CRÍTICA E DO AUTOR:

Não falarei especificamente sobre todos os contos, afinal ficaria uma resenha longa e como todos tem a ‘brutalidade’ da realidade em comum, falarei mais da sensação que os contos causaram. Claro que gostei mais de uns que de outros, mas devo dizer que mesmo que alguns choquem, é a pura realidade tratada como ficção.
Os contos são bem escritos e alguns até com palavreado um pouco mais culto, mesmo que a linguagem seja popular e até em alguns, um tanto vulgar. Mostra que o autor transita entre o conhecimento e o vocabulário mais profícuo, bem como a linguagem mundana, usada no cotidiano dos policiais e bandidos.
O que acho mais importante na obra, é o fato de vermos retratada a realidade do mundo militar, onde há bons policiais e há aqueles mais corruptos e corrompidos que se utilizam da ‘farda’ para se darem bem com um ‘extra’.
Outro detalhe que acho importante comentar, é que em alguns contos, os crimes são cometidos como um pressuposto para um bem maior, um desejo pessoal de obter algo ou um amor e ainda mostra a indignação de quem cometeu o crime, estar sendo autuado ou preso, uma verdadeira dualidade, mostrando um certo desvio psicológico.
É um livro que mostra a realidade nua e crua, sem rodeios e até de forma impiedosa. É o que chamo de verdadeiro choque de realidade.
Se recomendo? Claro que sim, porque apesar de gostarmos de viver a alienação das fantasias que gostamos de ler, vez por outra, precisamos estar conscientes do que acontece ao nosso redor.

 NOTA : 4,00 de 5,00

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SOBRE O AUTOR:


Oscar Bessi Filho nasceu no dia 04 de setembro de 1970, em Porto Alegre/RS.
Hoje, reside em Montenegro/RS.
É autor de diversos livros e cronista nos jornais Correio do Povo, Ibiá, Folha de São Borja e Correio Brigadiano. Em 28 de fevereiro de 1990, ingressou na Brigada MIlitar, onde atualmente ocupa o posto de Capitão e, após passagens profissionais por Porto Alegre, Alvorada, Canoas, Estrela e Montenegro, hoje comanda a Companhia de Policiamento Ostensivo de São Sebastião do Caí.
Sua trajetória literária começou ainda na idade escolar, ao produzir histórias em quadrinhos na primeira metade dos anos 1980.
Sua primeira poesia publicada em livro é de 1993, numa antologia poética que reuniu colegas de profissão. Em 1993, como Cadete PM, passa a editar o jornal "O Espadim", na Academia de Oficiais da Brigada Militar.
Sua postura de humor, irreverência e crítica sutil acabaram fazendo com que, para não proibir a circulação do jornal, se nomeasse um "censor", a quem o periódico deveria ser submetido, obrigatoriamente, antes de enviar à gráfica.
Na década de 90, participa de diversas antologias de poesia e prosa na capital gaúcha, além de frequentar a Confraria do Conto e os Saraus da Casa do Poeta Rio-grandense - da qual se torna vice-presidente -, no então Restaurante Dona Maria, ponto de encontro da boemia intelectual de Porto Alegre.
Em 1997, sua peça para teatro de bonecos "Sinal Verde para a Vida" é encenada por policiais militares do 11º BPM em centenas de apresentações, sendo o grupo convidado para espetáculos na Feira do Livro de Porto Alegre e e para o Festival Internacional de Teatro de Bonecos em Canela/RS, encontro que reúne peças que se destacam no mundo inteiro.
Em 1998, faz sua estréia como colunista do Jornal A Semana, em Alvorada. Publica os folhetins "O Assassinato da Santa" e "Um Morto a mais". Chega a publicar, também, os primeiros capítulos de "O Recolocado", mas abandona o projeto. Em 2000, na 1ª Feira do Livro de Alvorada, lança o romance independente "As Cartas de Cristóvão".
Entre 2001 e 2005, é premiado cinco vezes do Habitasul Revelação Literária, na Feira do Livro de Porto Alegre. O prêmio "Palavra de autor", em 2005, vem com o conto "Carmas de nossas Carnes", que, adaptado ao teatro por Jaqueline Pinzón como "A queima das leis", na peça "Três vezes amor e morte" (com Adriane Azevedo e João França dirigidos por Jaqueline Pinzon, Dilmar Messias e Camilo de Lélis), venceu o 5º Prêmio Palcohabitasul Desmontagem Cênica.
Em 2003 lançou "Corra que a Brigada vem aí".
Em 2004, foi o responsável pela página literária do Portal IG e da Revista Aplauso Brasil, dirigida pelo dramaturgo e ator paulista Michel Fernandes. Entre 2004 e 2008, e depois entre 2010 e 2012, apresentou o "Comentário de Literatura", na TV Cultura Vale do Caí. Em 2005, assumiu a presidência da Associação Montenegrina de Escritores (AMES), onde criou a Revista Eletrônica Calabouço, exclusivamente com literatura montenegrina, editou o Caderno de Literatura do Jornal Ibiá e idealizou e criou o regulamento do 1º Concurso Literário Ames/Jornal Ibiá.
Em 2005 solicitou ao comando da BM transferência da região metropolitaba para a cidade de Montenegro, a fimde cuidar da saúde dos pais.
Em 2006 ingressou na Associação Gaúcha de Escritores, onde foi vice-presidente adminstrativo entre 2008 e 2009 e, nos períodos de 2012/13/14/15, ocupa a Diretoria de Comunicação - pasta onde criou o boletim informativo "Letras Gaúchas", voltada aos escritores do RS pertencentes aos quadros da AGES.
Em 2007, criou o Grupo Rua dos Cataventos e editou a Revista Cataventos de Literatura. Em 2009, abandona o grupo.
Em 2010, como integrante do Comitê Executivo do MMCC,  criou o concurso literário "Montenegro contra o crack", edição única. Transferido de Montenegro para São Sebastião do Caí por ordens políticas, em virtude de uma coluna publicada no jornal da cidade, criou no novo muncicípio de atuação, em parceria com o Coselho Municipal Anti-drogas (COMAD) e Prefeitura Municipal, o Concurso Literário de São Sebastião do Caí, bienal, que dura até hoje e caminha para a terceira edição. Neste concurso, a Prefeitura Municipal edita os livros com todos os trabalhos literários participantes da sua comunidade escolar.
Em maio de 2010, fez sua estréia na coluna dominical do Correio do Povo. Entre 2011 e 2015, foi cronista diário, de segunda a sábado, do Jornal Ibiá, onde agora colabora semanalmente. Em 2012 passou a colaborar, também, com a Folha de São Borja. Lançou ainda os livros O Outro lado do caleiddoscópio, Calibre 40, Marx não foi à praia, Ah, não viaja!, O lobo do homem, Um caminho no meio das pedras e O silêncio mais profundo. Unindo as experiências na área policial e literária, militou em diversos movimentos de prevenção ao uso de drogas, de álcool e à violência entre crianças e adolescentes.
Fez palestras em diversos municípios do RS, em São Paulo e Minas Gerais. Ministra oficinas literárias.

Foi patrono da Feira do Livro de São Sebastião do Caí em 2011, de Feira do Livro de Santa Clara do Sul e da Feira do Livro de Mato Leitão, em 2015, assim como é, com frequência, em diversas feiras do livros escolares no RS. 

CHEIRINHOS
RUDY