18/02/2018

RESENHA #06 - “O ESCRAVO DE CAPELA” (LITERATURA NACIONAL) - MARCOS DEBRITO

LIVRO: “O ESCRAVO DE CAPELA” (LITERATURA NACIONAL)
AUTOR: MARCOS DEBRITO
EDITORA: FARO EDITORIAL
PÁGINAS – 290
1ª  EDIÇÃO 2017
CATEGORIA: LITERATURA BRASILEIRA
ASSUNTO: FICÇÃO/TERROR
ISBN: - 978-85-62409-89-9

o escravo de capela final site

CITAÇÃO:

“É no limite do inaceitável que o horror toma sua forma mais visceral. E na virtude de paciência que a justiça é alcançada através da vingança.” (pág. 07)

“[...] Às vezes precisamos ficar longe da família para começarmos a pensar por nós mesmos.” (pág. 31)

“As armas empunhadas pelo desejo são fortes demais contra um coração estremecido pela paixão. Ainda que a timidez a impedisse de encarar o rapaz, ela aceitou negativamente com a cabeça. Suas defesas estavam devastadas.” (pág. 60)

ANÁLISE TÉCNICA:

-CAPA-

Capa toda preta com olho de uma pessoa negra e uma mão vermelha com fumaça saindo dela.
O título com letras brancas em alto relevo.
Feita por Osmane Garcia Filho.
Imagens da capa @Andrew Proudlove/Arcangel - @Curaphotography/Shutterstock.
A capa apesar de um tanto assustadora, retrata o verdadeiro enredo do livro.

NOTA: 4,80 de 5,00

-DIAGRAMAÇÃO:

As folhas são amareladas e com aparência de reciclada, tornando o livro aparentemente mais grosso do que as quase 300 páginas que tem. As letras são pretas e na média. Tem algumas ilustrações referente à época descrita no livro. E a lombada lateral das folhas é vermelha.

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Conteúdo: prefácio; doze capítulos numerados com letras brancas em fundo preto e título no primeiro capítulo; e, outras obras da editora de autores nacionais.
Diretor editorial: Pedro Almeida.

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NOTA: 5,00 de 5,00

- ESCRITA:

Narrativa descritiva (com detalhes) em 3ª pessoa desconhecida, com diálogos em linguagem contemporânea, mesmo o enredo se passando no século XVIII. Alguns termos bem regionais.
Não percebi nenhum erro, talvez por estar totalmente envolvida com a leitura.
Preparação: Camila Fernandes e Yuca Faria.
Revisão: Gabriela de Avila.

NOTA: 4,90 de 5,00

CITAÇÃO:

“Impaciência é um predicado inerente à juventude.[...]” (pág. 68)

“Confusos, os peões não abandonavam seus lugares, pasmados com o que haviam acabado de enfrentar. Parecia-lhes impossível ver que um cadáver fosse capaz de abandonar a própria cova para invadir uma residência na clara intenção de vingança por sua morte.” (pág. 114)

“[...] Quando a dor física recai sobre um terceiro, a alma do culpado pode até chorar, mas seu corpo agradece.” (pág. 124)


SINOPSE:

“Durante a cruel época escravocrata do Brasil Colônia, histórias aterrorizantes baseadas em crenças africanas e portuguesas deram origem a algumas das lendas mais populares de nosso folclore.

Com o passar dos séculos, o horror de mitos assustadores foi sendo substituído por versões mais brandas. Em O Escravo de Capela, uma de nossas fábulas foi recriada desde a origem. Partindo de registros históricos para reconstruir sua mitologia de forma adulta, o autor criou uma narrativa tenebrosa de vingança com elementos mais reais e perversos.

Aqui, o capuz avermelhado, sua marca mais conhecida, é deixado de lado para que o rosto de um escravo-cadáver seja encoberto pelo sudário ensanguentado de sua morte.

Uma obra para reencontrar o medo perdido da lenda original e ver ressurgir um mito nacional de forma mais assustadora, em uma trama mórbida repleta de surpresas e reviravoltas.”

RESUMO SINÓPTICO:

O ano é 1792, final do século XVIII no Brasil Colônia, época da lavoura de cana-de-açúcar, onde o canavial se espalhava pela Fazenda de Capela e a colheita era feita pelos escravos e vigiados pelos peões que ficavam de olho para que eles não fugissem pela floresta que rodeava a fazenda.
ANTONIO BATISTA era o senhor da fazenda e viúvo. Tinha dois filhos: ANTÔNIO BATISTA DA CUNHA VASCONCELOS SEGUNDO o mais velho e capataz atroz da fazenda, com seu chicote de couro com cinco pontas na mão em plena força física no auge dos seus 35 anos, sentia prazer em castigar os escravos, que o temiam; e, INÁCIO, filho mais novo que foi estudar medicina em Portugal e voltou à fazenda por um pequeno período, tinha gestos refinados e uma educação completamente diferenciada de ANTÔNIO (seu irmão que foi criado junto as capatazes e tinha maneiras iguais as deles), tinha trato com as pessoas, não as consideravam como escravos e sabia se portar à mesa e tinha palavras ‘bonitas’.
INÁCIO logo se encantou por DAMIANA, mucama que servia na casa e tinha uma beleza inigualável. Fora criada por CONCEIÇÃO, já que a mãe havia morrido no parto.
SABOLA CITIWALA fora comprado recentemente e não entendia nada de português, nem das regras da fazenda. Durante a labuta pesada, para afastar o cansaço, entoa uma canção em banto, dialeto nativo de sua região, para que o tempo passasse mais rápido. Foi açoitado sem pena por Antônio Segundo, abrindo sulcos profundos na pele do negro, onde o sangue jorrava. Levaram-no inconsciente para a senzala e o jogaram no chão, ao lado de AKILI, o escravo mais antigo da fazenda e que vivia permanentemente na senzala por não conseguir mais andar, devido aos castigos inflingidos por Antônio Segundo no passado.
Akili logo percebeu a ânsia de Sabola em fugir da fazenda e sabendo da impetuosidade que o dominava, elaborou um plano minucioso para que isso acontecesse e de alguma forma, ele conseguisse se vingar de todos os mau tratos que passou e passa na fazenda.
Sabola é pego no momento da fuga e é levado para o pátio, para que os outros escravos vissem o castigo aplicado e não se arriscassem a fugir. O castigo foi tão forte que a perna foi arrancada e acabou morrendo, mesmo com os cuidados dados por Inácio. O cavalo com que Sabola tentou fugir, também teve sua cabeça decepada.
Poucos dias depois...a fazenda começa a ser assombrada pelo morto montado em seu cavalo sem cabeça. Os capatazes começam a morrer e todos ficam em polvorosa na fazenda, tentando exterminar de vez as assombrações.
Em paralelo a todo esse terror que está acontecendo, Inácio começa a descobrir mais sobre a morte de sua mãe e sobre a origem de Damiana. Os segredos da família Cunha Vasconcelos começam a aparecer, trazendo ainda mais tristeza para o filho caçula...


CITAÇÃO:

“Um animal aprisionado em correntes, quando livre das amarras, naturalmente busca a fuga. No entanto, a oportunidade de retaliação pelos anos sofridos no cárcere não é despedaçada quando o mesmo fica de frente ao seu aprisionador.[...]” (pág. 199)

“[...] No reflexo de um homem desesperado com uma arma carregada no braço não se pode confiar. Dificilmente o dedo de um coverde não pressiona o gatilho quando ameaçado pelo mínimo sinal de perigo.” (pág. 265)

“A relação entre os dois, desde o início, fora como insistir na escrita de um poema em dias de febre. Teria beleza em seus versos, mas seria curta e de rima ingênua.” (pág. 279)


ANÁLISE CRÍTICA E DO AUTOR:

Vou logo dizendo que o livro foi um dos melhores que li no ano passado.
Já sabia que seria uma leitura muito boa, pois já tinha lido um outro livro do autor e sabia do grande potencial em mostrar através da sua escrita, as mazelas da vida através do terror e da crueldade humana. E aqui não foi diferente, digo ainda que achei melhor que o anterior, pois traz fatos históricos reais e mistura com uma fantasia, voltada para as lendas que conhecemos desde de a infância. Digo até que poderia ser uma releitura do Saci-pererê e da Mula sem cabeça, bem fundamentada e pesquisada, tanto em relação as lendas, como em relação à época ambientada no enredo.
Aviso que é um livro para os fortes, porque pessoas mais sensíveis, poderão sentirem-se enojadas, revoltadas e até chorosas com os relatos bem descritos, cheios de maldade, punição, dor, vingança e algumas personalidades irracíveis. E para dar um tom mais ‘doce’ ao livro, temos um romance, é claro, porém um romance impossível, cheio de segredos e até incestuoso.
Já deu para notar que é um livro completo, com atrocidades evidentes, mistérios que vão sendo desvendados, suspense em trechos que aceleram o coração, romance que faz o leitor torcer pela felicidade em meio a tanta maldade e uma linguagem totalmente envolvente que não faz o leitor largar o livro até o final.
Já sabem que tenho dificuldade em fazer resenha quando gosto muito de um livro e talvez por isso, tenha demorado tanto a vir trazer essa para vocês, pois fico sem palavras para conseguir expressar tudo que senti com a leitura. Posso dizer que as personagens são bem marcantes, inclusive as personagens secundárias. Todas são bem definidas e ficaram ‘martelando’ em sua cabeça durante muito tempo por fazerem parte de uma história original, fantástica e amedrontadora.
Se expremermos o livro, certeza que o sangue escorrerá pelas páginas e não foi àtoa que as bordas das páginas são vermelha, acredito que foi bem pensado para dar esse efeito mesmo.
Leiam, porque nada é óbvio nesse livro!

NOTA : 5,00* de 5,00

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SOBRE O AUTOR:

marcos_debrito



CINEASTA PREMIADO, MARCOS DEBRITO VEM SENDO CONSIDERADO A GRANDE RENOVAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FILMES DE SUSPENSE E TERROR NO BRASIL. COMEÇOU A ESCREVER HISTÓRIAS QUE LHE VINHAM À CABEÇA APENAS PARA LIDAR COM SEUS PRÓPRIOS MEDOS, NA ESPERANÇA DE ESCONJURAR SEUS DEMÔNIOS E CALAR AS VOZES QUE NÃO O DEIXAVAM EM PAZ.
O DESTAQUE DE SUA PRODUÇÃO ESTÁ NA CRUEZA COMO RETRATA AS DIFERENTES FACES DO MAL, MAS NÃO É APENAS ISSO. TODAS AS SUAS HISTÓRIAS CONTÊM ELEMENTOS DE MISTÉRIO E SURPRESAS QUE DESAFIAM O PÚBLICO A DESVENDAR A MENTE DOS PERSONAGENS. DIRETOR,
ROTEIRISTA E ESCRITOR, O ESCRAVO DE CAPELA É SEU TERCEIRO LIVRO PUBLICADO. CONDADO MACABRO, SEU PRIMEIRO LONGA-METRAGEM, FOI LANÇADO NAS SALAS COMERCIAIS EM 2015 E VEM MOSTRANDO A FORÇA DE SUA NARRATIVA EM FESTIVAIS POR TODO O PAÍS E NO EXTERIOR.

CHEIRINHOS
RUDY



29 comentários:

  1. Oi, Rudy.
    Tudo bem?

    Estou bem ansiosa para ler esse livro.
    Quero solicitar da editora mês que vem.
    Li um livro do autor, À sombra da lua e gostei bastante.
    Certamente gostarei desse também. Amo a escrita dele.

    Tenha uma ótima semana.

    Beijos,
    Naty
    http://www.revelandosentimentos.com.br

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    1. Naty!
      Li também à sombra da lua e foi fantástico, acho esse ainda melhor.
      Leia mesmo.
      Boa semaninha!
      cheirinhos
      Rudy

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  2. Gostei muito da publicação!

    Beijos e uma excelente semana.

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  3. Livro bem representativo.
    Gosto bastante dos que falam sobre a vingança dos escravos.
    Se isso tiesse ocorrido, a escravidão teria curta duração, tenho certeza.

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    1. Halana!
      Eles sofreram muito, muito mesmo, por isso, fico enojada quando alguém tem preconceito ou tenta fazer as pessoas de escravos...
      Boa semaninha!
      cheirinhos
      Rudy

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  4. Oie Rudy! Tudo bem? Finalmente a resenha desse livro maravilhoso! Fico feliz que tenha curtido tanto quanto eu. Parabéns pela resenha :)

    Beijos!

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    1. Luciano!
      Amei o livro, demorei justamente por ter dificuldade em resenhar bons livros.
      Boa semaninha!
      cheirinhos
      Rudy

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  5. Que bacana deve ser uma delícia de se ler bjsss da uma passadinha no meu cantinho
    http://cantaalegremente.blogspot.com.br

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    1. Nanda!
      Realmente é um ótimo livro.
      Vou lá sim.
      Boa semaninha!
      cheirinhos
      Rudy

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  6. Rudy, que bom que gostou também. Amo essa história!
    Se todos entendessem como se deve escrever um livro desse tema, a literatura seria perfeita!
    Bjksss

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    1. Lê!
      Pois é, é um livro completo e tem de tuo um pouco, adorei!
      cheirinhos
      Rudy

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  7. Olá Rudy!!
    Que resenha é essa mulher, fiquei completamente interessada em ler o livro, me parece ser um livro com muito sofrimento e daqueles que quando começamos a ler, não paramos até chegar ao fim e saber o desenrolar da história. Parabéns pela resenha!!

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    1. Lucia!
      O livro é mesmo muito bom e vale a pena a leitura.
      Espero que leia!
      cheirinhos
      Rudy

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  8. Já tinha ficado interessado pela capa, mas depois dessa resenha é impossível não querer muito ler O escravo de capela. É muito bom quando o autor saber colocar ingredientes em sintonia formando um enredo que prende o leitor a cada página.

    *☆* Atraentemente *☆*

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    1. Evandro!
      Justamente, ele soube dosar todos os elementos.
      cheirinhos
      Rudy

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  9. Parece ser um livro incrível mesmo, embora com um tema pesado e tão triste como foi a escravidão, mas que traz a verdade, junto dos mistérios, afim de refletirmos mais mesmo.
    Já quero.
    bjs

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    1. Ana!
      É um livro fantástico, se puder, leia!
      cheirinhos
      Rudy

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  10. Livro com ilustrações, lombada vermelha, se passa no Brasil Colonia?? Super quero!

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  11. Olá Rudy!
    Eu já li tantas resenhas desse livro e fico bem amedrontada para iniciar a leitura, já que nela relatar historias muito triste da época da escravidão. Mas pretendo ler!

    Meu blog:
    Tempos Literários

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    1. Lily!
      É um super livro, leia se tiver oportunidade, muito conhecimento.
      cheirinhos
      Rudy

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  12. Oi Rudy,
    Voltei aqui um pouquinho pra ler as resenhas antigas e me deparei com esse livro. Primeiro adorei a diagramação dele e como ele está construído. Depois que tema! Muito pesado com certeza abordar essa época, e fiquei muito curiosa pra ler, ainda mais com uma resenha tão positiva dessas!
    Bjs

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    1. Ctarina!
      Leia mesmo as resenhas mais antigas, tem boas.
      O livro é ecepcional, uma das melhores leituras que já fiz, vale a pena!
      Bom domingo!
      cheirinhos
      Rudy

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  13. Oi Rudy, tudo bem com você?
    Esse livro é fantástico! Quando realizei a leitura, fiquei impactada e fui totalmente surpreendida.
    Bjkas

    http://www.acordeicomvontadedeler.com/

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    1. Carol!
      Foi bem o que senti também.
      Estou aguardando chegar outro livro do autor que ganhei, tomara que seja muito bom.
      Bom domingo!
      cheirinhos
      Rudy

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  14. Ainda não consigo ler esse tipo de livro. Sou muito sensível e acho que eu realmente iria chorar e me comover com a história.
    Mas, já antecipo que gostei muito do enredo, e que quando eu for capaz de conseguir ler livros assim, sem dúvidas O escravo de capela será um deles.

    Bjos

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  15. Que pena que a capa é fraquinha. Gostei do enredo. Não imaginava que fosse tão interessante.

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Adoro ler seus comentários, portanto falem o que pensam sem ofensas e assim que puder, retribuirei a visita e/ou responderei aqui seu comentário.
Obrigada!!
cheirinhos
Rudy