LIVRO: “SERTÃO
D’ÁGUA” (LITERATURA NACIONAL)
AUTOR: MARCOS QUINAN
EDITORA: SCORTECCI
PÁGINAS –140
3ª EDIÇÃO 2021
CATEGORIA: CONTOS BRASILEIROS
ASSUNTO: CONTOS REGIONAIS
ISBN: - 978-65-5529-348-7
PRIMEIRO PARÁGRAFO:
“A cabeça era um oco desde quando acordou. A boca amargava
seca com uma sede que a água da moringa não saciava. O corpo parecia não estar
naquela cama, exceto pela dor persistindo nas costas acompanhando cada mudança
de posição. Ouvia as conversas sem saber onde estava, de quem eram? Quase uma
catalepsia...? Não entendia nada. Herói de guerra...? Guerra...? Não tinha
fome. Um cheiro de urina rescendia no asseio de enfermaria. Rostos se
misturavam olhando, conversando, apalpando. Sentia um novo desfalecimento, não
conseguia se mexer ou falar nenhuma palavra. Os pensamentos sumiram. Ficava
olhando as pessoas de branco em volta sem entender. Onde estava? Perguntava com
os olhos.” (Conto Sabá do Talho)
ANÁLISE TÉCNICA:
-CAPA-
Fundo preto com um homem remando e com rosto sério.
A capa é bem expressiva e corresponde ao sentimento dos
textos.
Ilustração de capa: Biratan Porto
Arte-final de capa: Daniela Jacinto.
NOTA: 4,00 DE 5,OO
-DIAGRAMAÇÃO:
As folhas são amareladas e as letras pretas medianas.
Conteúdo: dedicatória; agradecimentos; pensamento do autor;
sumário; prefácio; e, trinta e um contos.
Diagramação: Dayse Silva.
NOTA: 4,00 DE 5,00
- ESCRITA:
A narrativa é descritiva em prosa e poesias.
A linguagem é bem regional com termos específicos e bem
contextualizados.
Revisão: Conceição Elarrat e Mônica d’Almeida.
NOTA: 4,50 DE 5,00
SINOPSE:
“É um texto veloz e alcança, em alguns momentos, o lirismo
abrupto das vastidões amazônicas. Forma um continente lingüístico a parte no
Brasil, carregado de nuanças e expressões tipificadas, com sotaque fortemente
marcado. A trama se desloca do sertão de Canudos para a cidade de Belém e tem
como pano de fundo urbano a confusão criada por clérigos, jornalistas e
políticos, que estão constantemente em atrito, principalmente porque o episódio
ocorre no período do Círio de Nazaré. E, às voltas com todo este rebuliço, estão
as gentes do povo, a fé e as crendices saltando aos olhos do leitor.”
CITAÇÃO: “-Se tu visse, meu mano...! Foi na vazante, tumei
susto. A montaria parou de proa pedindo
peagem, ali... ali... ali... bem de testa. Uma luz forte vinda de dentro d’água
alumiava em volta. Dei um grito: “Senhora de Nazaré, valei-me!” Soltei vela,
virei leme e olhei ao contrário, rezando até atracar.”(Conto Ver-o-peso,pág.
61)
RESUMO SINÓPTICO:
SABÁ DO TALHO ou Sebastião Jerônimo Domênico é um
desmemoriado do embate em Canudos e tornou-se um herói no Pará. Seu passado não
é reconstruído, entretanto, se sentirá incluído em seu habitat e ambiente
natural no sertão amazônico, religando a história ao agreste sertão nordestino.
Através dele pode ser observado o sertão amazônico desde o
extrativismo até as lendas encantadas da região, principalmente no estado do
Pará.
CITAÇÃO: “Há nos teus braços
Na precisão dos contornos
A pele da juventude
Sem nenhuma palidez
E o maternal delatado
Que olho com polidez[...]” (Conto No Arraial de Nazaré, pág.
87)
ANÁLISE CRÍTICA E DO AUTOR:
Fico sempre admirada e encantada com a vastidão do nosso
país e como cada região tem suas peculiaridades, sua linguagem, suas crenças, a
gastronomia diversificada e um mundo diferente em diversas dimensões.
O autor nos proporciona uma viagem pelos recônditos amazônicos
através de uma personagem que através da crendice popular local, virou visagem
e herói local através do ditado: “Quem conta um conto, aumenta um ponto”.
O livro é rico na ambientação amazônica e com seus dialetos
e linguagem específica local. Traz um enredo carregado de política,
religiosidade, crendice, uma certa ingenuidade, a gastronomia da cura através
de suas poções, a vida ribeirinha, o artesanato local, as assombrações vistas
pelos mais perspicazes, amor que traz ciúme e traição. Uma imersão na
regionalidade e toda sua amplitude, proporcionando uma viagem instrutiva.
Uma observação apenas faço: o livro talvez não seja para qualquer leitor, embora indico a leitura para todos, afinal, o conhecimento e a viagem em uma leitura encantada, é sempre enriquecedora.
O autor faz com que
nossa mente seja ampliada para uma realidade não tão divulgada como deveria ser,
mostrando o quanto cada local tem sua vida própria e seus moradores, histórias
enriquecedoras.
NOTA : 4,00 DE 5,00
SOBRE O AUTOR:
Um artista multimídia, timidez revelada em seu semblante
sempre sereno, Marcos Quinan é um inquieto apaixonado pela arte brasileira.
Autodidata, se define como um aprendiz que tem a necessidade de conhecer o
Brasil em todas as suas expressões culturais e mostrá-las aonde puder.
Nascido em Ipameri-GO, não esconde o orgulho de ter
escolhido a Amazônia como o chão propício para expandir sua inspiração que o
faz aplaudido produtor, compositor, teatrólogo, artista plástico, fotógrafo,
agitador cultural e escritor.
Teve, ainda, uma passagem pelo teatro, no despertar de sua
vocação artística ainda jovem, lá mesmo em Goiânia onde fez parte da Agremiação
Goiana de Teatro, participando ativamente da conclusão final do Teatro
Inacabado, na época o único teatro construído por um grupo amador no Brasil.
Foi ator, iluminador, diretor e dramaturgo, fundando, com Paulo Roberto
Vasconcelos nos anos 70, a “Companhia de Teatro do Autor Brasileiro”. Com
Roseli Naves e Nilson Chaves, nos anos 80 a “Gravadora e Editora Outros
Brasis”. Junto com Nilson Chaves, Walbert Monteiro, Conceição Elarrat e Fátima
Silva em 2002 criaram a “ACAM – Associação Cultural da Amazônia” e foi um dos
coordenadores do primeiro Seminário Cultural da Amazônia realizado por ela no
ano seguinte. Foi Secretário Executivo do Programa de Incentivo à Cultura do
Estado do Pará - SEMEAR e Assessor da Presidência da Fundação Cultural do Pará
Tancredo Neves. Em 2019 coordenou junto com Deborah Miranda, Fatinha Silva,
Elizabeth Orofino, Andréa Cozzi e Delson Luís a I FLIB - Feira Literária
Infantojuvenil de Belém.
CEDIDO PELA EDITORA SCORTECCI.
CHEIRINHOS
RUDY
Acredito que seja um livro com uma narrativa muito interessante.
ResponderExcluir.
Saudação poética
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Uma leitura que nos faz mergulhar em uma parte do nosso país, que é rica, linda e sofrida
ResponderExcluirEsse regionalismo é tão maravilhoso!!E pelos versos colocados acima, o coração já fica feliz, pois dá para imaginar até o sotaque!!
ResponderExcluirCom certeza, um livro que eu leria bem fácil e amaria!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
OLá Rudy!
ResponderExcluirAdoraria ter a oportunidade de ler esse livro, me parece ser fascinante, eu amo conhecer a diversidade do nosso País, cada lugar com suas peculiaridades, somos afortunados!
Oi, Rudy! Já me deixou impactada o primeiro parágrafo. Narrativa forte! Achei bem interessante também a abordagem feita, retratando inúmeras características marcantes da região amazônica.
ResponderExcluirGosto de livros que nos fazem conhecer a cultura de uma região, e nos mostram a realidade de seu povo.
ResponderExcluirA narrativa em prosa e poesias deve ser bem leve.
Danielle Medeiros de Souza
danibsb030501@yahoo.com.br
Olá Rudy
ResponderExcluirCurto muito um livro de contos ainda mais sendo brasileiro, sua resenha é deixou super super curiosa em conferi tudo que foi dito aqui
Bjs
Olá Rudy
ResponderExcluirRealmente nosso país tem uma diversidade enorme de costumes , comidas , linguagem a literatura nos ajuda a entender melhor esse nosso enorme Brasil.
Oi, Rudy! Gostei dos seus comentários sobre o livro. A diversidade do nosso país nunca para de me surpreender.
ResponderExcluirOi, Rudy!
ResponderExcluirLendo seus comentários sobre Sertão D'água acredito que esse livro não faz o meu estilo de leitura, mas se a oportunidade de o ler surgir arriscarei a leitura sim, como você disse "o conhecimento e a viagem em uma leitura encantada é sempre enriquecedora"... Bjos!
Oi, Rudy
ResponderExcluirAmooo contos.
E esse parece muito bom, por abordar uma região tão rica e vasta, mas pouco vista na literatura.
Quero ler!
bjs