20/09/2021

RESENHA #44 - “SERTÃO D’ÁGUA” (LITERATURA NACIONAL) - MARCOS QUINAN

 

LIVRO:  “SERTÃO D’ÁGUA” (LITERATURA NACIONAL)

AUTOR: MARCOS QUINAN

EDITORA: SCORTECCI

 PÁGINAS –140

  EDIÇÃO 2021

CATEGORIA: CONTOS BRASILEIROS

ASSUNTO: CONTOS REGIONAIS

ISBN: -  978-65-5529-348-7




 

PRIMEIRO PARÁGRAFO:

 

“A cabeça era um oco desde quando acordou. A boca amargava seca com uma sede que a água da moringa não saciava. O corpo parecia não estar naquela cama, exceto pela dor persistindo nas costas acompanhando cada mudança de posição. Ouvia as conversas sem saber onde estava, de quem eram? Quase uma catalepsia...? Não entendia nada. Herói de guerra...? Guerra...? Não tinha fome. Um cheiro de urina rescendia no asseio de enfermaria. Rostos se misturavam olhando, conversando, apalpando. Sentia um novo desfalecimento, não conseguia se mexer ou falar nenhuma palavra. Os pensamentos sumiram. Ficava olhando as pessoas de branco em volta sem entender. Onde estava? Perguntava com os olhos.” (Conto Sabá do Talho)

 

ANÁLISE TÉCNICA:

 

-CAPA-

 

Fundo preto com um homem remando e com rosto sério.

A capa é bem expressiva e corresponde ao sentimento dos textos.

Ilustração de capa: Biratan Porto

Arte-final de capa: Daniela Jacinto.

 

NOTA:  4,00 DE 5,OO

 

-DIAGRAMAÇÃO:

 

As folhas são amareladas e as letras pretas medianas.

Conteúdo: dedicatória; agradecimentos; pensamento do autor; sumário; prefácio; e, trinta e um contos.

Diagramação: Dayse Silva.

 

 

NOTA: 4,00 DE 5,00

 

- ESCRITA:

 

A narrativa é descritiva em prosa e poesias.

A linguagem é bem regional com termos específicos e bem contextualizados.

Revisão: Conceição Elarrat e Mônica d’Almeida.

 

NOTA:  4,50 DE 5,00

 

SINOPSE:


“É um texto veloz e alcança, em alguns momentos, o lirismo abrupto das vastidões amazônicas. Forma um continente lingüístico a parte no Brasil, carregado de nuanças e expressões tipificadas, com sotaque fortemente marcado. A trama se desloca do sertão de Canudos para a cidade de Belém e tem como pano de fundo urbano a confusão criada por clérigos, jornalistas e políticos, que estão constantemente em atrito, principalmente porque o episódio ocorre no período do Círio de Nazaré. E, às voltas com todo este rebuliço, estão as gentes do povo, a fé e as crendices saltando aos olhos do leitor.”

 

CITAÇÃO: “-Se tu visse, meu mano...! Foi na vazante, tumei susto. A  montaria parou de proa pedindo peagem, ali... ali... ali... bem de testa. Uma luz forte vinda de dentro d’água alumiava em volta. Dei um grito: “Senhora de Nazaré, valei-me!” Soltei vela, virei leme e olhei ao contrário, rezando até atracar.”(Conto Ver-o-peso,pág. 61)

 

RESUMO SINÓPTICO:

 

SABÁ DO TALHO ou Sebastião Jerônimo Domênico é um desmemoriado do embate em Canudos e tornou-se um herói no Pará. Seu passado não é reconstruído, entretanto, se sentirá incluído em seu habitat e ambiente natural no sertão amazônico, religando a história ao agreste sertão nordestino.

Através dele pode ser observado o sertão amazônico desde o extrativismo até as lendas encantadas da região, principalmente no estado do Pará.

 

CITAÇÃO: “Há nos teus braços

Na precisão dos contornos

A pele da juventude

Sem nenhuma palidez

E o maternal delatado

Que olho com polidez[...]” (Conto No Arraial de Nazaré, pág. 87)

 

ANÁLISE CRÍTICA E DO AUTOR:

 

Fico sempre admirada e encantada com a vastidão do nosso país e como cada região tem suas peculiaridades, sua linguagem, suas crenças, a gastronomia diversificada e um mundo diferente em diversas dimensões.

O autor nos proporciona uma viagem pelos recônditos amazônicos através de uma personagem que através da crendice popular local, virou visagem e herói local através do ditado: “Quem conta um conto, aumenta um ponto”.

O livro é rico na ambientação amazônica e com seus dialetos e linguagem específica local. Traz um enredo carregado de política, religiosidade, crendice, uma certa ingenuidade, a gastronomia da cura através de suas poções, a vida ribeirinha, o artesanato local, as assombrações vistas pelos mais perspicazes, amor que traz ciúme e traição. Uma imersão na regionalidade e toda sua amplitude, proporcionando uma viagem instrutiva.

Uma observação apenas faço: o livro talvez não seja para qualquer leitor, embora indico a leitura para todos, afinal, o conhecimento e a viagem em uma leitura encantada, é sempre enriquecedora. 

O autor faz com que nossa mente seja ampliada para uma realidade não tão divulgada como deveria ser, mostrando o quanto cada local tem sua vida própria e seus moradores, histórias enriquecedoras.

 

 

NOTA : 4,00 DE 5,00








 

SOBRE O AUTOR:

 



Um artista multimídia, timidez revelada em seu semblante sempre sereno, Marcos Quinan é um inquieto apaixonado pela arte brasileira. Autodidata, se define como um aprendiz que tem a necessidade de conhecer o Brasil em todas as suas expressões culturais e mostrá-las aonde puder.

Nascido em Ipameri-GO, não esconde o orgulho de ter escolhido a Amazônia como o chão propício para expandir sua inspiração que o faz aplaudido produtor, compositor, teatrólogo, artista plástico, fotógrafo, agitador cultural e escritor.

Teve, ainda, uma passagem pelo teatro, no despertar de sua vocação artística ainda jovem, lá mesmo em Goiânia onde fez parte da Agremiação Goiana de Teatro, participando ativamente da conclusão final do Teatro Inacabado, na época o único teatro construído por um grupo amador no Brasil. Foi ator, iluminador, diretor e dramaturgo, fundando, com Paulo Roberto Vasconcelos nos anos 70, a “Companhia de Teatro do Autor Brasileiro”. Com Roseli Naves e Nilson Chaves, nos anos 80 a “Gravadora e Editora Outros Brasis”. Junto com Nilson Chaves, Walbert Monteiro, Conceição Elarrat e Fátima Silva em 2002 criaram a “ACAM – Associação Cultural da Amazônia” e foi um dos coordenadores do primeiro Seminário Cultural da Amazônia realizado por ela no ano seguinte. Foi Secretário Executivo do Programa de Incentivo à Cultura do Estado do Pará - SEMEAR e Assessor da Presidência da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves. Em 2019 coordenou junto com Deborah Miranda, Fatinha Silva, Elizabeth Orofino, Andréa Cozzi e Delson Luís a I FLIB - Feira Literária Infantojuvenil de Belém.


CEDIDO PELA EDITORA SCORTECCI.





CHEIRINHOS

RUDY


11 comentários:

  1. Acredito que seja um livro com uma narrativa muito interessante.
    .
    Saudação poética
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  2. Uma leitura que nos faz mergulhar em uma parte do nosso país, que é rica, linda e sofrida

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  3. Esse regionalismo é tão maravilhoso!!E pelos versos colocados acima, o coração já fica feliz, pois dá para imaginar até o sotaque!!
    Com certeza, um livro que eu leria bem fácil e amaria!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  4. OLá Rudy!
    Adoraria ter a oportunidade de ler esse livro, me parece ser fascinante, eu amo conhecer a diversidade do nosso País, cada lugar com suas peculiaridades, somos afortunados!

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  5. Oi, Rudy! Já me deixou impactada o primeiro parágrafo. Narrativa forte! Achei bem interessante também a abordagem feita, retratando inúmeras características marcantes da região amazônica.

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  6. Gosto de livros que nos fazem conhecer a cultura de uma região, e nos mostram a realidade de seu povo.
    A narrativa em prosa e poesias deve ser bem leve.

    Danielle Medeiros de Souza
    danibsb030501@yahoo.com.br

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  7. Olá Rudy
    Curto muito um livro de contos ainda mais sendo brasileiro, sua resenha é deixou super super curiosa em conferi tudo que foi dito aqui
    Bjs

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  8. Olá Rudy
    Realmente nosso país tem uma diversidade enorme de costumes , comidas , linguagem a literatura nos ajuda a entender melhor esse nosso enorme Brasil.

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  9. Oi, Rudy! Gostei dos seus comentários sobre o livro. A diversidade do nosso país nunca para de me surpreender.

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  10. Oi, Rudy!
    Lendo seus comentários sobre Sertão D'água acredito que esse livro não faz o meu estilo de leitura, mas se a oportunidade de o ler surgir arriscarei a leitura sim, como você disse "o conhecimento e a viagem em uma leitura encantada é sempre enriquecedora"... Bjos!

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  11. Oi, Rudy
    Amooo contos.
    E esse parece muito bom, por abordar uma região tão rica e vasta, mas pouco vista na literatura.
    Quero ler!
    bjs

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Adoro ler seus comentários, portanto falem o que pensam sem ofensas e assim que puder, retribuirei a visita e/ou responderei aqui seu comentário.
Obrigada!!
cheirinhos
Rudy