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Sinopse: |
Ela sempre sonhou em se casar com um irmão Stuart. Só não com aquele que a espera no altar.
Quando um escândalo domina os salões de baile de Londres, o irmão mais novo de Lord Elijah Stuart é implicado em uma situação constrangedora. Embora seu dever principal seja com o mestre espião da Inglaterra, Elijah se vê em uma posição que precisa abandonar a busca pelo traidor da Coroa e se concentrar em casamentos e reputações. Com a honra da família e o futuro do irmão em jogo, Elijah surpreende a todos ao decidir se casar com a arruinada Srta. Josephina Pennyworth.
Furiosa com as circunstâncias que a levaram a se casar com o irmão Stuart errado, Josephina não está disposta a tornar as coisas fáceis para Elijah. Ela está tão envolvida na busca pelo traidor quanto Lord Stuart e não está disposta a ficar em casa esperando os homens resolverem o mistério. Enquanto Josie descobre que certos aspectos da vida de casada são bastante prazerosos, ela não permite que eles a distraiam de sua missão. À medida que ela testa a paciência do marido e os limites de sua nova vida, a ameaça à espreita nas sombras cresce e coloca mais vidas em perigo.
Entre escândalos, conspirações e disciplina, será que todos irão sobreviver? E, mais importante, será que o amor vai florescer? |
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PRÓLOGO |
JOSIE |
— Precisa tomar cuidado. Elijah está de olho em você. — A expressão de Evie estava séria, mas Josie a dispensou com um gesto. Nos últimos anos, Josie havia passado mais tempo com os primos de Evie do que ela. |
Suas casas eram vizinhas lá no interior, e o primo mais velho de Evie, Elijah, tinha sido a ruína de sua existência desde sempre. Mais ainda depois que Evie se juntou à família de seu tio e se tornou sua amiga. Elijah era quase dez anos mais velho que ela, um chato certinho que passou a vida desaprovando os modos selvagens de Josie. Ele também era quase bonito demais para o próprio bem, mas Josie sempre preferiu o irmão Stuart do meio: Joseph. Ela era apaixonada por ele desde quando passou a ter idade suficiente para saber o que era amor. |
— Elijah é tão autocentrado que só percebe que eu existo quando eu o incomodo. — Embora, para ser justa, ela o incomodasse com bastante frequência. Ele nunca teve muita paciência com Josie quando ela era criança e tinha ainda menos agora que ela era uma jovem debutante. — Ele acha que sou uma boba sem um pensamento entre as orelhas que não seja sobre moda e fofoca. — Verdade seja dita, ela não fazia o mínimo esforço para que ele mudasse essa percepção. Ela gostava de ambos os passatempos, e apreciá-los não a tornava boba. |
Evie deu-lhe um olhar enviesado, o brilho em seus olhos escuros sendo o único sinal de seu aborrecimento. Mesmo vestida de criada em vez de dama, ela conseguia intimidar com um simples olhar. De seu sólido grupo de quatro melhores amigas, Josie e Evie eram as que mais se desentendiam. Ambas eram jovens de personalidade forte, mas que também se amavam ferozmente. Quando estavam de acordo, suas outras duas amigas, Mary e Lily, quase sempre seguiam o exemplo, mas quando não estavam, as discussões costumavam ser explosivas. |
À medida que cresciam, ambas aprenderam a ceder com mais frequência, o que acalmou consideravelmente a amizade delas. |
Balançando a cabeça, Evie suspirou. |
— Ele sabe que estamos tentando encontrar o traidor… — A voz de Evie sumiu, e elas ficaram em silêncio quando passos se aproximaram do recanto da livraria onde haviam se encontrado. Desde que sua amiga Mary fora sequestrada, revelando um traidor da Coroa, mas não o mentor por trás de um complô para assassinar o Duque de York, elas não puderam mais se encontrar no Hyde Park como antes. |
Elijah era o filho mais velho do mestre de espionagem da Inglaterra e uma pessoa muito enjoada quanto a etiqueta. Assim como seu pai, ele não achava que espionar fosse uma atividade apropriada para uma dama, e era por isso que Evie estava se escondendo da família. Estava determinada a provar que eles estavam errados e recrutou Josie e as amigas Mary e Lily para ajudá-la após a tentativa de assassinato do Duque de York. |
Londres estava repleta de intrigas mesmo nos seus melhores momentos, mas esta temporada estava se mostrando especialmente tensa. Com uma delegação da França e outra da Rússia, bem como traidores entre a alta-sociedade, parecia que uma força sombria estava se reunindo na cidade. Josie estremeceu. Ela raramente temia alguma coisa, mas quando Mary foi sequestrada, uma semana antes, ela experimentou a sensação de verdadeiro terror pela primeira vez em sua vida. O que antes parecia uma brincadeira agora já não era mais tão emocionante. Felizmente, Evie conseguiu resgatar Mary, mas foi um lembrete gritante do que estava em jogo. |
O medo percorreu seu corpo enquanto ela e Evie esperavam que os passos cessassem. Seja lá quem estivesse andando pela loja, estava seguindo o próprio caminho. Josie soltou um suspiro de alívio, abanando o rosto. O tempo estava ficando bastante quente à medida que o final da temporada se aproximava. Em breve, a alta-sociedade deixaria Londres e iria para suas propriedades e festas durante o verão. Certamente, isso significaria o fim do perigo… ela esperava. |
— Ele te vê mais do que às outras pessoas — Evie terminou em um sussurro, seus olhos ainda alertas, a cabeça inclinada para que ouvisse qualquer sinal de movimento nas proximidades. |
— Porque você me disse para vigiar ele, seu tio e os outros primos. — Uma tarefa que não foi difícil no começo. Não até recentemente, quando Joseph começou a cortejar a Srta. Priscilla Bliss. Os salões de baile de Londres já estavam fervilhando com a expectativa do anúncio de um noivado. |
O próprio pensamento fez o estômago de Josie se revirar de ciúme e raiva. |
Ela continuou a visitar a Casa Stuart regularmente, usando como desculpa suas propriedades vizinhas em Derbyshire e a longa amizade entre suas famílias. Eles estavam acostumados com sua presença lá. Mesmo que, após o resgate, Mary tenha revelado o quanto as outras damas estiveram envolvidas na busca pelo traidor para o tio de Evie, ele não via as visitas de Josie com desaprovação. Ela tinha sido muito cuidadosa para não ser pega bisbilhotando — não que tivesse ouvido muita coisa interessante. Lorde Camden e Elijah passavam a maior parte do tempo preocupados com o desaparecimento de Evie. |
Até onde Josie sabia, Joseph e Adam, o caçula, não estavam envolvidos nos “negócios da família” e não sabiam que Evie não estava viajando como deveria. Elijah, por outro lado, parecia inclinado para eventualmente se tornar o sucessor de seu pai. |
— Considerando quão pouco você descobriu vindo deles, talvez devêssemos concentrar seus esforços em outras direções — disse Evie, pensativa, com os olhos desfocados enquanto pensava. |
As emoções assolaram Josie. Autorrecriminação: ela não gostava de sentir que havia falhado em uma tarefa. Alívio: ela não teria mais de ouvir Joseph falar com eloquência sobre os “encantos” da insípida Srta. Bliss. Infelicidade: ela não teria mais uma boa desculpa para se atormentar com a companhia de Joseph. Um pouco de indignação: Evie sentia que ela não tinha descoberto nada, apesar da verdade na declaração. |
Não era culpa dela que o tio e o primo de Evie estivessem tão estressados com o desaparecimento dela que mal falavam de outro assunto quando Josie estava por perto. |
— Preciso ir, mas vou pensar nisso. |
Evie estendeu as mãos e abraçou Josie com força, levando embora a indignação de Josie. Afinal, Evie não precisou pedir a ajuda de Josie. Apesar do que aconteceu com Mary, Josie estava muito grata por ter algo para se concentrar nesta temporada além de arranjar um casamento; principalmente porque o noivo que ela escolheu estava suspirando por outra pessoa. Se Evie queria que ela mudasse o foco, então ela mudaria. |
— Cuide-se — Josie sussurrou. Evie estava trabalhando como criada na casa dos Greywood, mas Josie tinha certeza de que ela estava fazendo incursões muito mais perigosas sempre que tinha um tempo livre. Lady Greywood era uma empregadora bastante tolerante, e foi por isso que Evie a escolheu. As roupas monótonas que ela usava não escondiam totalmente sua beleza estonteante, embora Evie tivesse feito algo com fuligem e creme para tornar sua aparência menos atraente. |
— Claro. — O tom confiante de Evie não diminuiu as preocupações de Josie. Suspirando, ela observou a amiga sair apressada, sua postura mudando de uma dama confiante para uma serva mansa e humilde. Josie contou lentamente até vinte em sua cabeça. Só então percorreu o cantinho da livraria, buscando sua criada, que a esperava na entrada, antes de seguir seu caminho pelas ruas. |
*** |
ELIJAH |
Uma criada saiu da loja, cabeça baixa e apressada pela rua. Ela manteve o olhar fixo na grande pilha de livros em seus braços como se tivesse medo de deixá-los cair. Provavelmente tinha um patrão intelectual para agradar. Ele voltou sua atenção para a porta da loja. |
— Josie está lá dentro há muito tempo. — Que inferno. Ele sabia que deveria tê-la seguido. |
— Quanto tempo é muito tempo em uma livraria? — perguntou seu irmão Joseph, achando graça. |
— Ela é uma debutante, não uma erudita — Mitchell zombou. |
Elijah precisou de toda a sua força de vontade para não retrucar. Ele não gostava de Julian Mitchell — até onde sabia, havia muito poucas pessoas que gostavam. Era secretário de um lorde poderoso e abusou de sua posição mais de uma vez, forçando suas atenções em criadas e outros membros da classe baixa. Trabalhar com ele era quase um insulto. Mas o homem era muito bom em coletar informações e se tornou um recurso valioso para o pai de Elijah. |
Josie podia ser uma debutante, mas era muito mais inteligente do que Mitchell dava crédito a ela. No entanto, realmente não era o tipo de pessoa que frequentava livrarias por longos períodos. Costumava ler os romancezinhos que estavam na moda, nenhum dos quais se demorava muito para encontrar. |
Eles estavam andando pela rua quando Elijah a viu entrar na livraria após um olhar furtivo por cima do ombro. O instinto o fez parar e ordenar aos outros dois que esperassem, queria ver o que Josie estava fazendo. De todos os adjetivos que poderia usar para descrever Josie, furtiva não era um deles. |
Ela sempre era aberta, até mesmo descarada, não somente acostumada a ser o centro das atenções, mas também exigindo tal posição, o que sempre o deixava nervoso. Como ela era amiga de sua prima e filha de seu vizinho, ele sempre foi protetor, assim como era com o círculo de amigas de Evie. No entanto, Evie e Josie eram as que mais o preocupavam. Ambas eram destemidas e frequentemente se metiam em encrencas das quais Lily e Mary eram sábias o suficiente para ficar de fora. |
Ele ainda estava chocado por Evie ter conseguido recrutar as duas mais quietas para sua causa, mas pelo menos Mary deveria estar sob o controle de seu novo marido agora. Rex — o apelido que ele usava entre os amigos, em vez de seu título — não era o tipo de pessoa que tolerava qualquer absurdo. Depois do susto de quando ela foi sequestrada, Elijah não achava que Rex toleraria que ela brincasse de ser espiã. Lily era a menos propensa das quatro a se meter em problemas, mas Josie… bem, apesar de estar interpretando a socialite, era a causa mais provável de problemas. Ele não conseguia encontrar Evie, então estava prestando atenção especial em Josie. |
Quando ela apareceu na porta da loja, ele ficou tenso. Josie olhou ao redor da rua, parecendo em todos os sentidos a debutante que era, com seu delicado vestido de musselina, o azul-centáurea combinando com seus olhos, os cachos loiros presos sob o chapéu. Apesar da beleza do vestido, ele não conseguia se lembrar de tê-la visto tão recatada, o que despertou ainda mais suas suspeitas. Ela estava desacompanhada, exceto por sua criada, mas não tinha um único livro na mão. Então o que ela esteve fazendo lá por tanto tempo? |
— Joseph, vá até ela. É mais provável que ela fale com você. |
A garota estava caidinha pelo irmão mais novo dele, o que irritava Elijah à medida que Joseph se aproximava cada vez mais de pedir a Srta. Bliss em casamento. Mas ele não hesitaria em usar isso a seu favor. Apesar da beleza e inteligência excepcionais de Josie, ele não achava que ela seria capaz de influenciar os afetos de Joseph — ainda assim, o irritava vê-la tentar. |
Embora Elijah quisesse interrogá-la, os dois nunca se deram bem. Josie achava que ele era muito mandão, e Elijah achava que ela era muito rebelde. Além disso, ele queria ver se seja lá quem ela estivesse encontrando ainda estava na loja… ou talvez ela se comunique com essa pessoa por meio de bilhetes? |
Suspirando, Joseph trotou rua abaixo atrás de Josie. |
— Por que você acha que ele conseguirá interrogá-la melhor? — perguntou Mitchell, observando Joseph, um toque de confusão em sua voz. |
— Josie é apaixonada por ele desde sempre, mesmo que ele se recuse a ver isso. — Elijah desviou a atenção do movimento leve das saias de Josie e acenou para Mitchell segui-lo até a livraria. — Considerando que ela nunca gostou de mim, ela responderá a ele muito mais prontamente. Vamos. Quero descobrir o que ela estava fazendo lá dentro. |
Mitchell soltou rapidamente o ar pelo nariz, mas foi sem protestar, mesmo tendo declarado sua opinião sobre as jovens muitas vezes. Ele achava que elas não valiam a pena, mesmo que estivessem metendo o nariz em lugares perigosos — um grupo de debutantes dificilmente descobriria algo valioso. No entanto, ele não as conhecia e certamente não sabia nada sobre Evie. |
Apesar disso, Elijah esteve inclinado a concordar com ele por alto quando se tratava de Evie. Ele aprendera há muito tempo que sua prima não era a típica “jovem dama” da sociedade. |
Uma hora depois, Elijah tinha tantas informações quanto quando havia chegado na livraria. O livreiro disse que Josie havia ficado no fundo da loja, até apontou o corredor em que ela havia entrado, mas não havia nada nem ninguém lá além do próprio livreiro. Ele jurou que não tinha trocado mais do que duas palavras com a jovem, e sua criada havia se sentado na frente da livraria o tempo todo. |
A única outra pessoa que havia estado na loja tinha sido uma criada… A mesma que ele tinha visto saindo da loja e sumariamente descartado como sem importância. |
Não… certamente não. |
Amaldiçoando-se baixinho, Elijah saiu da loja, com Mitchell correndo atrás dele. |
Evie. Tinha de ser Evie. Josie estava se encontrando com ela, e ele a deixou escapar. Ele precisava alcançar Joseph e descobrir o que seu irmão tinha conseguido extrair dela. |
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CAPÍTULO 1 |
JOSIE |
Encarando o bilhete em sua mão, Josie fez o possível para não ofegar. Um homem desconhecido tinha acabado de entregá-lo. Ele não fez mais do que dar um sorriso quando lhe entregou e depois desapareceu na multidão, deixando-a perplexa — ainda mais quando abriu o bilhete e o leu. Seu coração agora batia tão rápido dentro do peito, que ela pensou que fosse explodir. |
Querida Josie, |
Cometi um erro terrível. Por favor, venha me encontrar no jardim imediatamente. Preciso da sua ajuda. |
Do seu, |
Joseph Stuart |
Exatamente qual era o erro não estava claro. Será que Joseph finalmente recobrou o juízo e percebeu que seu presumível noivado com a Srta. Priscilla Bliss era uma decisão horrível? Ele estava cortejando a jovem há semanas, completamente enamorado, ao que tudo indicava. |
Josie mordeu o lábio inferior. Até agora, sua primeira temporada em Londres tinha sido dolorosa, vendo o homem que ela amara nos últimos cinco anos se apaixonar por outra pessoa. E se ele não estivesse realmente apaixonado pela Srta. Bliss? |
E se ele finalmente tivesse percebido que não deveria se casar com ela, mas não sabia como desfazer o compromisso graciosamente? |
Do seu. |
Ele assinou do seu. |
Será que isso indicava que Joseph finalmente correspondia aos seus sentimentos? Que ela soubesse, ele nunca tinha assinado um bilhete dessa maneira, e olha que ela tinha crescido com ele por perto. |
— Srta. Pennyworth? São más notícias? — A voz preocupada do Barão Stillwell penetrou nos pensamentos acelerados de Josie. |
Ela olhou para ele e abriu um sorriso brilhante, que então concedeu ao resto de seu círculo de pretendentes. Havia muitos deles. Ela os colecionou durante toda a temporada, mas, infelizmente, nenhum deles conseguiu distrair seu coração inabalável do jovem que o roubara sem nem mesmo perceber. |
— Não, não, mas, por favor, me dê licença. Preciso encontrar minha mãe. — Os suspiros de insatisfação resignada resultantes foram gratificantes. Embora ela não quisesse particularmente se casar com nenhum deles, para a frustração de sua mãe, Josie apreciava a devoção. Ela era um bom partido, fora declarada um Diamante da temporada e dona de uma personalidade única em sua primeira temporada, tinha um amplo dote, era neta de um Marquês e uma das melhores amigas da recém-casada Marquesa de Hartford. |
Cinicamente, ela sabia que eram suas conexões sociais, mais do que sua personalidade, que atraíam seus pretendentes, mas eles pareciam apreciar sua inteligência rápida e natureza ensolarada. Ao menos, ela tinha personalidade, o que não era bem o caso da Srta. Bliss. Todos concordavam que ela era doce, mas sem graça — todos, exceto Joseph. |
Rangendo os dentes enquanto abria caminho através da multidão, os dedos ainda agarrando o bilhete, ela procurou por suas amigas, Mary ou Lily, esperando que uma ou ambas estivessem disponíveis para acompanhá-la. Infelizmente, ela não viu Mary, ou melhor, o marido muito alto de Mary, em lugar nenhum. Por ser muito mignon, Mary era impossível de ser encontrada em tal multidão. Lily era um pouco mais fácil, já que ela e Josie eram ambas um pouco acima da altura média para mulheres, mas Josie não a viu também. |
Ora bolas. |
Ela não podia ignorar o bilhete. Joseph precisava que ela o salvasse de uma vida de tédio com a Srta. Bliss. |
Colocando um sorriso recatado no rosto, ela se dirigiu para as portas que davam para os jardins. Sair sozinha era imprudente para uma debutante, mas ela duvidava que demorasse muito, e Joseph poderia responder por ela. |
Alguém trombou contra ela, e Josie se virou para repreendê-lo quando o homem agarrou a mão que segurava o bilhete de Joseph e a levou aos lábios. |
— Quanta beleza, incomparável… — Sua voz sumiu no meio da terrível tentativa de declamar um poema, e ele piscou embriagado, tentando se lembrar do que estava dizendo. Josie nunca o tinha visto antes e rapidamente afastou a mão. |
— Não fomos apresentados, meu senhor. — Ela se empertigou com o nariz empinado e o coração acelerado. Que atrevido, abordá-la daquela maneira! |
Acelerando o passo em direção às portas, ela não percebeu que não segurava mais o bilhete na mão. |
*** |
ELIJAH |
Onde diabos Josie tinha ido dessa vez? Enquanto desfilava pelo salão de baile, de nariz empinado, ela nem parecia notar como os olhos dos cavalheiros a seguiam pelo salão. Os lábios dele se apertaram em uma onda de desaprovação. Embora soubesse que era esperado de uma debutante chamar a atenção de cavalheiros com intenção de casamento, observá-la não o fazia morrer de amores por tal processo. |
Ela era a mais bela do baile, vestida com um deslumbrante vestido azul-claro que enfatizava seu busto ao ponto da ousadia para uma debutante e seus cachos loiros delicadamente presos em um arranjo elaborado, com safiras brilhantes. A mesma pedra brilhava na garganta e nas orelhas, trazendo um brilho extra aos seus olhos já reluzentes. |
Era isso que os cavalheiros de Londres viam. Nenhum deles sabia que moleca incorrigível ela era, a maneira como ela só faltava apostar corrida com cavalos, ou o fato de que usava calças quando estava no interior. Eles só viam o Diamante, a beleza declarada da temporada e a dama recatada procurando um par adequado. |
Provavelmente quem se casasse com ela desaprovaria o outro lado. |
Apesar de deixar Elijah louco quando estavam no interior e ele testemunhava suas façanhas, ele odiava a ideia de um marido severo negar a ela uma parte de si mesma. O que provavelmente aconteceria, já que a temporada era criada de forma a ludibriar um homem a se casar com uma mulher que ele realmente não conhecia. Embora desejasse toda a felicidade do mundo a seu irmão Joseph com a Srta. Bliss, ele se perguntava que segredos sobre a mulher seu irmão desconhecia. |
Sempre haveria algo. |
Ele esperava que seu irmão encontrasse a felicidade conjugal, já que Elijah dependia de Joseph ou Adam para gerar o herdeiro do título. Ele não pretendia se casar. O número de casais infelizes entre a alta-sociedade há muito o convencera de que tal união não era para ele. |
Seduzir as esposas entediadas e infelizes da alta-sociedade — o que geralmente não era difícil — era um passatempo clássico dos libertinos, o que incluía Elijah. Agora, como parte da Sociedade do Pecado, um clube exclusivo para certos indivíduos de mentalidade semelhante, ele via ainda mais lordes e damas casados vivendo suas próprias vidas. O objetivo do casamento parecia ser produzir um herdeiro, e Elijah tinha irmãos para cumprir esse dever por ele. Embora houvesse algumas uniões felizes por aí, parecia uma grande aposta a se fazer, e Elijah nunca apostava nada que não pudesse se dar ao luxo de perder. |
Era por isso que a ideia de Josie casada com algum mimadinho que não a apreciaria o irritava, mas não havia nada que ele pudesse fazer a respeito. Ela era uma jovem senhorita e queria se casar. Contanto que deixasse seu irmão em paz, nada daquilo era da conta de Elijah. |
No entanto, encontrar sua prima Evie era da sua conta, e Josie havia recebido um bilhete antes de deixar seu círculo de pretendentes. |
Observando de onde estava, na varanda, Elijah franziu a testa quando Josie se dirigiu para as portas que davam para os jardins — e então saiu sozinha! Que inferno. Ela estava tentando arruinar a própria reputação? Muitos olhares curiosos a seguiram porta afora. Às vezes, ele achava que Josie não tinha um pingo de bom senso. |
A menos que… talvez o bilhete fosse de Evie, e a prima estivesse precisando da ajuda de Josie. Essa era a única razão pela qual Elijah poderia pensar que Josie largaria tudo e sairia correndo. |
Apertando os lábios, ele correu pelo corredor até as escadas, seguindo-a para fora. Se sua prima estivesse nos jardins, ele iria pegá-la e arrastá-la de volta para seu pai, mesmo que tivesse de jogá-la por cima do ombro. |
*** |
JOSIE |
Apressando-se para longe do lorde bêbado, o coração de Josie batia forte quando ela pisou do lado de fora. O ar frio da noite batia em suas bochechas, a refrescando depois de ficar no calor do salão de baile, e ela suspirou de alívio. Estava lotado lá dentro. |
Olhando ao redor do pátio, viu vários casais e pequenos grupos perambulando pelas pedras, mas nada de Joseph. Subindo os três degraus que levavam aos jardins, ela viu uma figura em um caminho à direita. Graças às grandes sebes, a figura estava completamente na sombra e invisível para aqueles no pátio. Era impossível ver seus traços, mas ele tinha o mesmo tamanho de Joseph, e quando ela olhou bem, ele levantou a mão em saudação, gesticulando para que se juntasse a ele. |
— Que inferno — ela murmurou baixinho, levantando as saias para descer os poucos degraus até o caminho do jardim. Joseph tinha sorte de ela o amar como amava. Do contrário, ela se viraria e voltaria lá para dentro. |
Consciente de que estava arriscando sua reputação ao desaparecer nas sebes, ela caminhou em direção a ele, xingando quando ele assentiu em aprovação — e desceu por outro caminho! Seu humor piorou quando ela chegou aonde ele estava originalmente e virou à direita para segui-lo. |
— É bom que seja importante — ela disse asperamente enquanto caminhava para a gruta onde ele estava sob uma árvore. |
Saindo da sombra dos galhos, o luar agora em seu rosto, o estranho sorriu para ela. O sorriso não era agradável. Era cruel. Perverso. A respiração de Josie ficou presa na garganta, seus pensamentos acelerando enquanto ela examinava suas opções em menos de um segundo. |
Grite. |
Não grite. Você estará arruinada. |
Você já está arruinada. Grite, para que você não se machuque. |
Mesmo que eles pensem que ele a arruinou, você será forçada a se casar com ele. |
Eu não quero me casar com um completo estranho que armou uma armadilha para mim. |
— É muito importante — disse ele, sua voz profunda e ameaçadora. |
Josie deu um passo para trás, depois se virou para correr, mas ele foi mais rápido. Se ela estivesse de calças, poderia ter uma chance, mas suas saias atrapalhavam seus movimentos, e ele agarrou seu braço com força. Ela gritou, embora não muito alto, quando foi puxada de volta contra ele. Dedos ásperos agarraram seu seio, causando uma dor chocante enquanto ele os fincava na pele macia. Nenhum homem jamais a tocou assim, tão intimamente, tão cruelmente, mas ela não havia esquecido tudo o que Evie a ensinara. |
Josie, alta para uma mulher, jogou a cabeça para trás, batendo no queixo do homem com a nuca. A dor explodiu em sua cabeça, mas ela o feriu também. Uma pequena onda de vitória percorreu-a quando ele xingou e o aperto em seu seio afrouxou. Retorcendo-se, ela se libertou da mão do estranho, se virando e o golpeando. Ele se esquivou do golpe em seu rosto. Inferno. Ela estava sem prática, era para ter acertado. |
— Puta — ele rosnou, agarrando a frente de seu vestido e puxando. |
Desta vez, Josie gritou, incapaz de se conter quando ouviu o som alto de rasgo. Ela sentiu o ar frio da noite tocando desde o seu peito até a barriga. Ofegou, sufocando um soluço, mal notando as lágrimas correndo pelo rosto enquanto tentava se cobrir. |
Alguém passou correndo por ela, colidindo contra o homem que a havia atacado. Houve uma saraivada de socos, o luar iluminando os cabelos escuros… Josie piscou para afastar as lágrimas. |
Houve um grito atrás dela, vindo do pátio, e os dois homens se separaram. Ela finalmente pôde ver seu salvador. |
— Elijah? — ela sussurrou, quase incapaz de acreditar no que estava vendo. Elijah era seu herói? |
O vilão fugiu rumo à escuridão dos jardins e, por um momento, pareceu que Elijah iria segui-lo, mas Josie choramingou, e ele parou. Os gritos atrás dela estavam ficando mais altos. |
Olhando para o ponto onde Josie estava agarrando, percebendo o tecido esfarrapado de seu vestido, ela tentando cobrir os seios, Elijah praguejou. Ele tirou o casaco e o colocou em volta dela. Olhos escuros e zangados brilharam enquanto ele a encarava, a poucos centímetros de seu rosto vermelho de chorar. Apesar da raiva em seus olhos, ela não estava com medo. Elijah esteve ao seu lado quando ela estava em apuros, da mesma forma que sempre esteve durante toda a sua vida, ajudando a ela e a Evie a sair de encrencas. |
Ela estava em um apuro muito mais terrível do que qualquer problema que aprontou na infância, mas confiava nele para cuidar do assunto. |
— Não diga nada — ele sussurrou ferozmente, a tensão vibrando em cada linha de seu corpo. — Não diga absolutamente nada. Deixe que eu fale. |
Ela não teve chance de responder antes de ouvir um coro alto de murmúrios de surpresa atrás dela. |
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Novidades boas.....vindo aí....
ResponderExcluirApaixonada pelos kits!!!! Vou até namorar melhor cada um deles, mesmo sabendo que minha mãe não é lá chegada em livros rs
ResponderExcluirMas oh, eu sou apaixonada pelo trabalho da Nemo e vi um Drácula ali rs
Adorei!!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel
Oi, amiga
ResponderExcluirComo sempre está tendo ótimos lançamentos e novidades, pena que me falta dindin pra todos os livros que quero kkk
Cheirinhos
Olá Rudy!
ResponderExcluirUau, muitos lançamentos maravilhosos, pena que não estou podendo comprar nadinha!!!
Olá
ResponderExcluirBastante lançamentos,esse livro Setembro negro deve ser bem interessante