05/07/2011

RESENHA 12# - "ESTAÇÃO JUGULAR- UMA ESTRADA PARA VAN GOGH" - ALLAN PITZ

Estação Jugular

 
LIVRO  : “ESTAÇÃO JUGULAR – UMA ESTRADA PARA VAN GOGH”
AUTOR: ALLAN PITZ
EDITORA: DESFECHO ROMANCES SELO DA EDITORA MULTIFOCO
PÁGINAS – 97
1ª IMPRESSÃO 2011
ISBN: 978-85-7961-428-6
CATEGORIA: Romance (?)

SINOPSE: Delirante, frenético e alucinante é o ritmo que Pitz imprime a essa saga do absurdo (mas que tem forte conotação de realidade, pois, apesar de sugerir uma alegoria, é plenamente observável para além da ­ficção), envolvendo o leitor na claustrofóbica experiência do personagem-narrador, que foge não se sabe de onde e não se sabe para onde vai. Um ônibus que surge inesperado, conduzido por um motorista improvável, rumo a uma estrada desértica, des­filando por paisagens vivíssimas e surreais nos faz confrontar com o absurdo contido na própria história da humanidade. Ao embarcar junto com o protagonista e narrador Franz, um técnico de informática em sua aparente fuga do cáustico sol que castiga, o leitor é incitado a uma viagem desconfortável, mas altamente reveladora.

CITAÇÕES: 1- “ Se imagens me b atem anormais dessa vista paralela, é por que vivi à margem de um único pensamento de visão induzido: trabalhar e comer, nutrir para caminhar. No meio do trabalho e do sustento pairam as necessidades físicas, a necessidade selvagem, talvez os papéis acusadores d qualquer coisa que se encaixa, voando pelos ares em frágeis satélites de lata. Somos nada em tudo, porém um tudo arquitetado, aprimorado, propagado, para seguir a trilha do erro mamífero por turmas avançadas através de séculos e séculos.”(página 34)
2-) “Eu via no menino perdido as armaduras herdadas que compunham o adulto mecanizado a tornar-se mais mecanizado, as informação nas ações, contidas ou incontidas, os jogos, o poder... Os jogos do poder. O que somos em um lugar não julga o que seremos quando adentramos uma cidadela desconhecida, uma estrada inédita; são como notas que não conseguem compor o mesmo enredo ao bel-prazer de quem as escolhe, ou as crê, como merecedor condicional de tal opereta.”(página 35/36)

RESENHA: O técnico de informática Franz se encontra perdido e só sabe que precisa fugir. De quê? Ele não tem muita certeza. Acaba entrando todo esbaforido em um ônibus e quer saber do motorista qual o destino final.
O motorista, uma figura enigmática e de poucas palavras, diz apenas que vai para o ponto final, sem detalhar onde é esse ponto.
A viagem é um tanto conturbada. Passam por diversas estações sem nomes, apenas numeradas, como uma evolução de estágios a serem galgados. Algumas estações são paradisíacas (e enganadoras), enquanto outras, temerosas e assustadoras.
Franz fica cansado da viagem e pede um comprimido ao motorista para aliviar a dor de cabeça. O motorista dispõe de alguns comprimidos para Franz que ‘apaga’. Ao acordar  recorda os acontecimentos que o levaram a pegar o ônibus para aquela viagem e as coisas começam a se esclarecer em sua mente. Passa a refletir sobre suas atitudes e se prepara para chegar ao destino final.

CITAÇÃO: “ O dia mais temido é aquele em que as respostas sucumbem às perguntas, em que os trilhos parecem a única saída lógica para seguir num trilho, qualquer trilho, desde que seja uma linha com trajeto indiscutivelmente conhecido.” (página 51)

MINHA OPINIÃO: Sabedora da versatilidade do Allan, embarquei na ‘estação jugular’ sem expectativas, quis apenas deslizar pela estrada e curtir a viagem...
Imaginei que seria uma viagem curta, já que poucas eram  as páginas do livro, claro que me enganei...
Fiquei confusa ao iniciar. Sem o real entendimento da história e do objetivo do livro, tive dificuldade na assimilação de determinados trechos iniciais. Isso me incomodou, mas percebi que o erro era meu, não na forma como o escritor descrevia  os acontecimentos.
Parei e recomecei a leitura vagarosamente e aí, a viagem foi tranqüilidade e reflexão.
O Allan se utiliza de metáforas e simbologia para construir os diálogos e o enredo do livro; mistura realidade com abstração e extrapola sua criatividade, nos conduzindo a uma viagem interior, em busca dos recônditos esquecidos e alertando para nossas atitudes. Elas são nossos condutores e responsáveis pela passagem nas estações até a chegada ao ponto final.
Surpreendente ! Esse é o adjetivo principal do livro. Vale muito a pena ler.

CITAÇÃO: “ Revejo minha vida desde o início, meus pais, a primeira bicicleta, a primeira namorada, os sonhos, as roupas, as esperanças, e nesse embaralho encontro com meus poucos anos de vida recortados em agonia; narrados internamente por mim; em um livro penoso que eu, estudioso incansável da própria alma, releio e todo instante. A vida é basicamente isso: um livro misterioso onde escrevemos páginas a cada dia vivo, e depois de poucos anos como matéria sólida, confusos na superfície de uma estranha civilização, viveremos milhares de anos de resgate, redenção, buscando ser uma energia restaurada e amplificada de nós, erguida sobre as experiências do tempo em estivemos na grande criação. O grande laboratório. Para depois seguirmos no rumo de outras civilizações.” (página 80)

NOTA: 5,0/5,0
 
O Allan Pitz é parceiro aqui do blog.
Quer saber mais ou entrar em contato com o Allan? Então acessa:
Blog Paquidermes Culturais : http://paquidermesculturais.blogspot.com/
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Podem adquirir na livraria Selo Brasileiro:  
http://www.livrariadoselo.com.br/
cheirinhos:)
Rudy

2 comentários:

  1. Allan Pitz sempre surpreendendo!

    Pelos comentarios da resenha parece que o livro exige bastante percepcao por parte do leitor, o que prova mais uma vez o jogo de cintura nas palavras de um autor que gosta de usar e abusar de tudo que o texto pode passar para a historia.

    Parece ser um livro bem reflexivo tambem, ainda nao sei se eh um livro bom ou ruim, mas assim que tiver oportunidade de ler o livro deixarei minha opiniao critica.

    Bjos

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  2. deu vontade de ler! um livro profundo e que questiona. acho que deve ser uma reflexão bem interessante que nos remete ao delírio de nossas próprias verdades.

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Adoro ler seus comentários, portanto falem o que pensam sem ofensas e assim que puder, retribuirei a visita e/ou responderei aqui seu comentário.
Obrigada!!
cheirinhos
Rudy