OLÁ ALEGRES E FELIZES!
Bem-vindo ao Meyerverso! 💫 Microssérie - A rosa do amor #01Uma flor perdida. Um coração em perigo. E uma noite que mudará tudo.© 2025 A. C. Meyer. Todos os direitos reservados. Capítulo 1: O BaileDizem que a lenda da rosa se espalhou pelos salões de Londres em 1812. Jovens debutantes começaram a usar flores em seus vestidos, acreditando que, se a rosa sobrevivesse à noite, o amor também sobreviveria. No entanto, poucos sabiam como essa tradição começou. Tudo remonta a uma noite de abril, quando a srta. Evangeline Hartwell perdeu mais do que uma simples flor e encontrou, em seu lugar, um cavalheiro que mudaria sua vida para sempre. O salão dos Ashford brilhava sob a luz de centenas de velas, refletidas nos cristais dos candelabros, que multiplicavam os pontos luminosos como se fossem estrelas presas no teto. O mármore rosado reluzia sob a claridade, enquanto o perfume de jasmim vindo dos jardins se misturava ao aroma adocicado da cera derretida. A orquestra de cordas enchia o ar de música, mas sob as notas suaves, ouvia-se outra melodia, feita de cochichos, risadas abafadas, o roçar de saias, o estalar de leques e o tinir ocasional de taças de cristal. Evangeline Hartwell permanecia junto a uma coluna, ajustando as luvas de algodão branco. Elas eram simples, muito diferentes das luvas de seda francesa que adornavam as mãos das outras jovens, bordadas com pérola, marfim e marchetadas em detalhes tão delicados que custavam mais que todo o traje de Evie. Seu vestido verde-claro, escolhido com cuidado, moldava sua silhueta com elegância. A madrasta havia empenhado as últimas economias da casa para que ela, ao menos, estivesse apresentável. E estava. No entanto, em um ambiente onde as outras brilhavam, estar apenas adequada a deixava em uma posição desfavorável e desconcertante. O riso abafado de duas damas próximas fez com que ela puxasse ainda mais as luvas, como se pudesse esconder o tecido grosseiro em comparação à beleza das luvas que elas usavam. Ela não se envergonhava da simplicidade, mas a cada olhar de soslaio que recebia, o contraste parecia mais cruel. Antes de saírem para o baile, ela ouviu o pai sussurrar ao ouvido da esposa, sem notar sua presença, palavras que reforçaram o peso da responsabilidade que recaía sobre ela. Mesmo agora, ela podia ouvir a tensão no tom de lorde Hartwell: — Lembre-se, querida, esta pode ser nossa única chance de lhe garantir um bom partido. As despesas da Temporada já consumiram nosso orçamento pelos próximos dois anos. Lady Hartwell apertou o braço do marido e lançou à enteada um olhar ao mesmo tempo carinhoso e inquieto. — Ela é encantadora, Harold. Qualquer cavalheiro de bom senso saberá reconhecer suas qualidades. Naquele momento, Evie fingiu indiferença, mas as palavras a atingiram com força. Qualidades. Como se ela fosse uma mercadoria a ser avaliada e, com sorte, adquirida por alguém disposto a ignorar suas deficiências financeiras. Seus dedos tocaram a pequena rosa vermelha presa ao decote por uma fita de cetim dourado – o único adorno precioso que ela possuía, embora tivesse apenas valor sentimental. Era a última flor do jardim de sua mãe, preservada entre as páginas de um livro de sonetos desde a partida de lady Margaret Hartwell deste mundo, três anos antes. Naquela manhã, Evie retirou a rosa seca de seu esconderijo, fixou-a no vestido com um alfinete e repetiu para si as últimas palavras que ouvira da mãe: “Uma dama de verdade sempre encontra um jeito de florescer, não importa o jardim.” O perfume quase inexistente da rosa seca parecia ser sua âncora naquela noite, lembrando-a de que ainda havia beleza mesmo no que parecia desbotado. — Evangeline, querida! — A voz melosa de lady Catherine Pembroke interrompeu seus devaneios. A filha do conde de Pembroke se aproximou com um sorriso que não alcançava os olhos, acompanhada por duas jovens de linhagem impecável. Seu vestido de seda dourada fazia com que seus cabelos loiros reluzissem como ouro polido e suas luvas de marfim, bordadas com pérolas minúsculas, completavam a imagem de perfeição. — A senhorita está encantadora esta noite. Seu olhar desviou-se lentamente até as luvas de algodão de Evie, demorando-se o suficiente para que todas notassem a diferença. Por fim, seu olhar se fixou na rosa presa ao decote e seu sorriso ficou ainda mais malicioso. — Algodão... — ela disse em voz clara, doce como mel e cruel como veneno. — Que singelo. As amigas de Catherine trocaram olhares cúmplices e abafaram risadinhas, enquanto Evie sentia o rubor subir pelo seu pescoço. Não havia malícia explícita nas palavras – afinal, lady Catherine era refinada demais para insultos diretos –, mas a mensagem era cristalina: você não pertence a este lugar. Evie inclinou-se em uma mesura impecável, como mandava a etiqueta. Ao endireitar-se, porém, ela ergueu o queixo e sustentou o olhar da outra com calma. — Às vezes, lady Catherine, a simplicidade é mais eloquente que qualquer ornamento — disse, reunindo toda a dignidade possível. Por um segundo, o brilho nos olhos de Catherine vacilou, antes que ela retomasse o sorriso — Ah, que perspectiva refrescante — Catherine retrucou, alargando o sorriso. — Tenho certeza de que encontrará alguém que aprecie essa... filosofia. Antes que Evie pudesse responder, a música mudou para um animado cotilhão, e os casais começaram a se formar no centro do salão. Catherine foi solicitada por um jovem marquês, e suas amigas por pretendentes ansiosos. Evie permaneceu junto à coluna, observando a dança se desenrolar à sua frente. — Srta. Hartwell? Ela se virou e encontrou o visconde Edgar Whitmore, que se inclinou com uma cortesia impecável. Ele tinha cerca de vinte e cinco anos, cabelos castanhos bem penteados, olhos cinza-azulados e uma postura que refletia uma educação esmerada. Era o tipo de pretendente que seus pais considerariam ideal: bem-nascido, de renda respeitável e, sobretudo, aparentemente disposto a cogitar uma aliança com uma família de posses mais modestas. — Me concederia esta dança? — ele perguntou, estendendo a mão enluvada. — Será um prazer, milorde — Evie respondeu, pousando a mão na dele. O visconde a conduziu até o centro do salão com movimentos impecáveis. Ele era um dançarino competente – isso ela precisava admitir. Seus passos eram precisos, sua postura, irrepreensível, e ele a guiava com a segurança de quem passou anos treinando nas melhores academias de Londres. Ainda assim, seus gestos eram mecânicos, como se ele seguisse as instruções de um manual, em vez de se deixar levar pela música. — Uma noite magnífica, não acha? — ele comentou, executando um giro perfeito. — Encantadora — Evie concordou, esforçando-se para soar animada. — O salão dos Ashford sempre foi considerado um dos mais elegantes de Londres. Meu pai diz que custou uma fortuna para ser decorado, mas o investimento valeu a pena. — Sem dúvida. — Espero que esteja desfrutando de sua primeira Temporada. Imagino que seja bastante estimulante para uma jovem em sua... posição. Evie sentiu uma pontada de irritação com o comentário velado sobre sua situação, mas manteve o sorriso educado. — Tem sido uma experiência muito instrutiva, milorde. — Ah, sem dúvida. A Temporada social é uma excelente oportunidade para estabelecer conexões adequadas. Ele possuía todas as qualidades que uma jovem deveria valorizar em um pretendente – nascimento, educação, estabilidade financeira –, mas para Evie, era como dançar com uma estátua de mármore. Onde estava a paixão? O fogo? Nos romances que ela lia às escondidas em seu quarto, os mocinhos faziam o coração das mocinhas disparar com um simples olhar e transformavam conversas banais em duelos de inteligência e charme. Nos braços de lorde Whitmore, no entanto, ela só sentia o vazio de passos de dança executados à perfeição, mas desprovidos de alma. Seria pedir demais esperar por um pouco daquela magia dos livros? Ou ela deveria se contentar com a segurança de um casamento conveniente? A música acelerou e lorde Whitmore arriscou de passos mais elaborados. Foi durante um giro particularmente ousado que aconteceu. Evie sentiu a fita de cetim escapar em um passo brusco demais, e teve de se inclinar além da conta. Ela ficou horrorizada ao ver a preciosa rosa, o último laço com a mãe, sua âncora em meio àquele mar de rostos desconhecidos, se soltar do vestido e deslizar pelo chão encerado do salão. — Minha rosa! — exclamou, interrompendo a dança de súbito. Lorde Whitmore parou, atônito. — Perdão? Mas Evie já não o escutava. Seus olhos acompanharam a flor sendo empurrada pelos pés dos dançarinos. Sapatos lustrados a chutaram sem querer, saias rodopiantes a ocultaram. Um salto fino quase a esmagou. O coração de Evie se partia a cada segundo. Ela tentou avançar, mas foi arrastada de volta pela dança. Em instantes, a rosa desapareceu. — Srta. Hartwell? — Lorde Whitmore tentou chamar sua atenção, constrangido por ter sido deixado de lado pela parceira de dança. — Aconteceu algo? — Eu... eu preciso... — ela gaguejou, sentindo as lágrimas ameaçarem cair. — Com licença. Sem esperar por uma resposta, Evie se afastou da pista, ignorando os olhares curiosos provocados por sua saída abrupta. Ela se refugiou em um canto discreto perto de uma das janelas que davam para o jardim, onde as sombras poderiam esconder seu desespero. Encostou-se na parede fria, tentando recuperar a compostura, mas a sensação de perda era avassaladora. Não se tratava apenas de uma flor, mas de sua ligação com a mãe, de seu amuleto de proteção, de sua única centelha de coragem em um mundo que insistia em lembrá-la de sua inadequação. Agora, no entanto, ela havia desaparecido, esmagada e perdida para sempre no meio de uma multidão indiferente. Ao longe, Evie viu Catherine Pembroke cochichar com as amigas, lançando-lhe olhares seguidos de risadinhas abafadas. Lorde Whitmore se afastara da pista e, embora conversasse com uma debutante, lançava olhares ocasionais em sua direção, com o cenho franzido. Seus pais, por sua vez, conversavam com animação com outros nobres, alheios ao drama da filha. Evie levou a mão ao decote, onde antes a flor repousava. A música continuava, os casais rodopiavam e os convidados permaneciam indiferentes à pequena tragédia da jovem, que acabara de perder o símbolo de seu único e verdadeiro amor até então. No entanto, quando perdemos o que mais prezamos, o destino muitas vezes conspira para nos devolver algo ainda mais precioso. Evie não sabiam, mas sua vida estava prestes a ser transformada por um cavalheiro de reputação manchada e sorriso perigoso. Continua no capítulo 02…
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CHEIRINHOS
RUDY



Meyerverso cada vez maior e mais apaixonante
ResponderExcluirMuitas vezes a perda é para que o bom, para que o novo chegue e sim, nos faça melhores!!!
ResponderExcluirEu amo cada detalhe dos posts da autora!!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel
Olá Rudy!
ResponderExcluirEu adoro a A. C. Meyer, cada vez fico mais admirada com suas histórias!
Muito bom poder acompanhar os posts dessa autora.gosto muito quando tem dança no romance.
ResponderExcluirOlá Rudy!
ResponderExcluirAmei o primeiro capitulo dessa história, fiquei ainda mais ansiosa em conferi mais dessa microssérie.
Bjs
Que ilustração linda de A rosa do amor!
ResponderExcluirBjos!
Que legal poder acompanhar a microssérie. Acho essa atmosfera dos bailes de antigamente muito encantadora, cheia de coisas acontecendo ao mesmo tempo, parecia que o mundo se resumia na noite de belas roupas e danças.
ResponderExcluirOi Rudy
ResponderExcluirMuito bonita ilustração, vou ler tudo com calma, hoje a noite, pois amo ler mini contos e a noite parece que é melhor.
Bjs