LIVRO: “O VENTO GIRA
EM TORNO DE SI” (LITERATURA NACIONAL)
AUTORA: GENY VILAS-NOVAS
EDITORA: 7 LETRAS
PÁGINAS – 172
1ª EDIÇÃO 2020
CATEGORIA: LITERATURA NACIONAL
ASSUNTO: CONTO BRASILEIRO
ISBN: - 978-65-86043-89-1
PRIMEIRO PARÁGRAFO:
“LEVANTA FOLHAS SECAS DO CHÃO, VIRA REDEMOINHO E SAI
CORRENDO. AS CIGARRAS CANTAM NOS TRONCOS DAS ÁRVORES, HORDAS DE BANDIDOS
INVADEM A PRAIA, ESFAQUEIM BANHISTAS E CAUSAM TUMULTO, PÂNICO, TERROR. COITADOS
DOS IMPREVIDENTES QUE SEM QUERER ENTRAM NAS FAVELAS, PAGAM COM A VIDA, POUCOS
SOBREVIVEM PARA CONTAR. AS PRESAS, NA MAIOR PARTE DAS VEZES, SÃO TURISTAS.”
CITAÇÃO:
“Não há como um dia depois do outro, com uma noite no meio.
[...]” (pág. 19)
ANÁLISE TÉCNICA:
-CAPA-
A capa preta com uma bailarina rodopiando e as sombras desse
rodopio.
Bem condizente com o conteúdo do enredo.
Foto da capa: Ahmad Odeh/Unsplash.
NOTA: 4,80 DE 5,OO
-DIAGRAMAÇÃO:
As letras são pretas e medianas e as folhas amareladas.
Como é uma leitura contínua, não há capítulos, mas há
pensamentos em algumas mudanças de trechos de umas páginas para outras.
NOTA: 4,50 DE 5,00
- ESCRITA:
A narrativa é em primeira pessoa pela própria autora.
A escrita é diferenciada, um tanto mais culta, com ditados
populares, citações de livros e do Evangelho.
Alguns pequenos erros de ortografia que não chegam a
atrapalhar a leitura, porém merece uma nova revisão.
NOTA: 4,30 DE 5,00
CITAÇÃO:
“Até há poucos anos, não relia nada, não podia perder tempo.
Tinha que ler o máximo possível. Vi que era uma corrida atrás do vento, tempo
perdido. Passeie a reler e estou feliz, calma, resignada. Não se pode lutar
contra os moinhos de vento.” (pág. 71)
SINOPSE:
“O vento gira em torno de si revela as angústias da
narradora diante das mais diversas perdas – de familiares e conhecidos, do Rio
Doce, vítima de um desastre ecológico, e até mesmo da esperança, numa sociedade
devastada pelas notícias de corrupção e violência. A leitura dos clássicos de
Homero, com seus conflitos e guerras, e também dos Evangelhos, ajuda a montar o
quebra-cabeças da vida e a renovar a fé na humanidade, pela via sutil da
palavra, força motriz de tantas transformações. Geny Vilas-Novas é uma dessas
autoras que coloca a própria vida na escrita, de tal modo que nos tornamos logo
íntimos de suas ideias, angústias e vivências, como se estivéssemos ouvindo as
confissões mais sinceras de uma amiga próxima.”
CITAÇÃO:
“As frases que vão conosco para o túmulo tiram o sangue,
arrancam lágrimas e não podem ser compartilhadas.” (pág. 131)
ANÁLISE CRÍTICA E DO AUTORA:
Poder apreciar uma boa leitura, é algo inexplicável, mesmo
que por vezes saiamos da nossa zona de conforto. É o caso desse exemplar. Um
conto (ou será uma pequena novela?) onde há mistura de fatos e sentimentos
vividos na vida da autora, mesclado com a ficção empírica de conhecimentos literários e religiosos das
leituras e aprendizado que fez durante sua
existência.
Uma leitura aprazível, com frases curtas e por vezes com
alguns trocadilhos, vários ditados populares que se encaixam perfeitamente com
reflexões profundas sobre o comportamento e reação das pessoas em sociedade,
uma sociedade que mostra as agressões,
sofrimentos, perdas diárias e a contínua vontade de continuar vivendo dentro desse
‘looping’ de boas e más experiências.
A escrita da autora imprimi seus anseios e angústias, as
dores de suas perdas no decorrer dos anos, lembranças de várias épocas de sua existência,
compartilhadas com um personagem fictício que a procura quando a vê que precisa
de companhia.
Algumas coisas me incomodaram um pouco, como a repetição de
alguns termos que por vezes torna a
leitura um tanto morosa e lenta, entretanto, acredito que tem de ser assim,
para que o leitor possa assimilar todos os questionamentos e reflexões que são
levantadas e que para que possa ser absorvido e entendido de forma a mudar
algumas posições impostas por nós mesmos.
É uma leitura até certo ponto triste, no sentido de ver
tantas perdas, tantos acontecimentos catastróficos, a realidade de toda
natureza que parece atroz e mostra como toda ação, tem uma reação de alguma
forma.
Como diz a autora: “Tudo é fugaz.”
NOTA : 4,30 DE 5,00
SOBRE O AUTORA:
Geny Vilas-Novas nasceu em Minas Gerais e morou em várias
capitais do Brasil até se fixar no Rio de Janeiro, onde vive atualmente.
Participou de diversas antologias de contos, entre as quais Tempos de Nassau:
um príncipe em Pernambuco (Bom Texto, 2004), Ásperos e macios: histórias de
amor e vingança (Bom Texto, 2010), e O Rei, o Rio e suas histórias (7Letras,
2012). É autora dos romances Adeus, Rio Doce (Bom Texto, 2006), Onde está meu
coração? (7Letras, 2015), Flores de vidro (7Letras, 2015), Fazendas ásperas
(7Letras, 2017) e O vento gira em torno de si (7Letras, 2020).
EXEMPLAR CEDIDO PELA OASYS CULTURAL.
CHEIRINHOS
RUDY