LIVRO: “O PUNHO DO
DESTINO E BADULAQUES” (LITERATURA NACIONAL)
COLEÇÃO: PALAVRAS SOLTAS
AUTOR: NILO BARROSO
EDITORA: CHIADO BOOKS
PÁGINAS – 200
2ª EDIÇÃO 2018
CATEGORIA: FICÇÃO BRASILEIRA
ASSUNTO: CONTOS/NOVELA
ISBN: - 978-98-9524-115-6
PRIMEIRO PARÁGRAFO: “TEODORA ERA INEVITÁVEL. SOUBE QUANDO A
VI SOB A ILUMINAÇÃO PÁLIDA DAQUELE AMBIENTE ESFUMAÇADO A TAL PONTO QUE TIVE A
IMPRENSSÃO DE VÊ-LA ENVOLTA EM BRUMA COR ÂMBAR. DE ONDE EU ESTAVA, PARECEU UMA
REVELAÇÃO... UM SONHO DOURADO. SUBITAMENTE ELA VIROU O ROSTO. UNS OLHOS
EXTRAORDINÁRIOS ME FITARAM POR UM INSTANTE APENAS; MAS O SUFICIENTE PARA
COLOCAR MINHA ALMA EBULIÇÃO.”
CITAÇÃO:
“O destino tem muito peso. Que ninguém se engane. [...]”.
(pág. 33)
“Então, comecei a relatar-lhe o que sucedera há pouco.
Paulatinamente, ele emergia ao mundo dos vivos; embora ostentasse uma expressão
de espanto digna do mítico Hades, deus das dimensões subterrâneas, o qual nunca
sabia exatamente o que se passava no mundo superior, exceto, aos pedaços,
quando um mortal o invocava para amaldiçoar algum desafeto.” (pág. 69)
ANÁLISE TÉCNICA:
-CAPA-
Fundo verde com listras e um círculo preto com o nome do
livro e do autor.
Muito simples.
Capa: José Serrano.
NOTA: 3,50 DE 5,OO
-DIAGRAMAÇÃO:
As folhas são levemente amareladas com letras pretas
medianas; e na separação das partes, as folhas são pretas com letras grandes e
brancas.
Conteúdo: índice; ao leitor; dividido em duas partes: O
PUNHO DO DESTINO uma novela com vinte e seis capítulos numerados, e, BADULAQUES
com quatro contos curtos com títulos.
Os capítulos são curtos, o que favorece a leitura.
Composição gráfica: Isa Afonso.
Impressão e acabamento: Chiado Print.
NOTA: 4,70 DE 5,00
- ESCRITA:
A narrativa é descritiva em primeira pessoa em todos os
contos com diálogos complementares. É fluida, de fácil entendimento, alguns
trechos hilários e alguns reflexivos.
A linguagem... como falar sobre a linguagem do livro? Apesar
de ser uma linguagem moderna, tem um que de coloquial devido há termos não tão
usuais em nosso vocabulário, expressões mais elaboradas e ricas. Traz trechos
de grandes pensadores e filósofos, consequentemente, muitas reflexões,
entretanto, nada disso prejudica o entendimento ou torna a leitura enfadonha.
A escrita tem figuras
de linguagens um tanto incomuns e muito bem utilizadas durante toda história,
além de várias simbologias intrigantes.
Os diálogos não vem com travessões, como estamos
acostumados, vem entre aspas.
NOTA: 4,80 DE 5,00
CITAÇÃO:
“Então naquela noite terrível em que o suor crepitava na
pele sob o ardor do luar, eu segui meus algozes à espera do instante do
sacrifício. Isto pode parecer esquisito, vez em quando, um frêmito de esperança
me aquecia as tripas, e me fustigava a impressão absurda de que o mundo estava
prestes a começar novamente; mas logo compreendia que aquilo era uma tolice:
protagonizava um jogo de cartas marcadas. Perante as circunstâncias, sob pena
de contrariar as regras da decência, era necessário encenar; do contrário
restava-me bufonear o último ato numa paródia vil do que eu fora ou julgara
ser. “ (pág. 119)
SINOPSE:
“O punho do Destino é uma novela nervosa e movimentada, de
leitura empolgante, com lances imprevistos e emocionantes. O conflito entre os
personagens principais, que aparentem uma serenidade e equilíbrio que não
possuem, poderá resultar, a qualquer momento, numa tragédia. Esses momentos
nervosos e cruciais constroem um suspense que atinge fortemente o leitor.”
CITAÇÃO:
“Eu conhecia de sobra essas provocações capciosas que me
sacudiam como uma trovoada. Quedei-me atrapalhado, tentando imaginar algum
pretexto. Tinha ali uma oportunidade, uma chance para tocá-la, abraça-la... A
felicidade estava logo adiante, ao alcance da mão. Bastava arrebatar a maça e
roê-la voluptuosamente, sem deixar que se erguessem pelos cantos da alma as
sombras do pecado. A vida era uma aventura prazerosa e benevolente, a graça de
Deus. A nós católicos importava somente o gesto derradeiro, o balbucio sincero
de arrependimento no final e eis as portas do Paraíso! Tudo convidava a ousar
livremente. Mas ao mesmo tempo me sentia intimidado pela circunstância de
estarmos a sós, sem vivalma à vista. Cosi-me contra a parede como se
pressentisse alguma coisa má. Embora não conseguisse articular claramente o
pensamento, me acudia naquele momento uma espécie de presságio.” (pág. 147)
RESUMO SINÓPTICO:
A primeira parte traz uma novela: O punho do destino, onde o
protagonista é um professor de filosofia de meia idade em final de trimestre e
que não vê muito sentido em sua vida e não sabe o que fazer até ser convidado
por seu amigo Anselmo para passar uns dias em Corumbá. Ele acaba aceitando sem
ter ideia da mudança radical que se dará em sua vida tão pacata. Conhece
Teodora, casada com Sileno Tomasi, um conhecido de Anselmo que faz trabalhos um
tanto escusos. Após conhecer Teodora, não consegue tirá-la da cabeça... Quando
chega em Corumbá, a coincidência de encontrar o casal por lá, o deixa em choque
e ainda mais apaixonado, de certa forma até obsessiva. E vive uma aventura
perigosa e inesquecível, carregada de suspense e com final surpreendente.
A segunda parte- BADULAQUES- traz quatro contos: Tão
Felizes, Então!, O Olho De Deus, O Siso E O Verão e Badulaques. Os contos trazem de forma geral,
momentos de dúvidas, atrações que se confundem com amor, traições, situações
duvidosas e uma certa ironia hilária em suas confecções.
ANÁLISE CRÍTICA E DO AUTOR:
Quem acompanha por aqui sabe que tenho certa dificuldade em
resenhar livro quando gosto muito, mas... vou tentar.
Vou falar de uma forma mais geral, afinal são quatro contos
e uma novela, onde em todos, permeiam o assunto sobre adultério, mesmo que de
formas diferenciadas e todos com um fundo reflexivo e que aborda o assunto
delicado e que não se gosta de falar, mesmo que saibamos que aconteça de
maneira mais corriqueira do que imaginamos.
O suspense, as situações bem elaboradas e de certa forma
hilárias, toda dramaticidade que conquista o leitor em querer chegar ao final e
ver o que acontece, a surpresa por finais improváveis e até inusitados,
amenizam um pouco o tema central e aí está a experiência de um autor
psicanalista: soube trazer o tema de uma forma, digamos, mais leve.
As citações de filosóficas, a narrativa em primeira pessoa,
protagonistas levemente delineados e altamente possíveis de serem reais, trazem
uma grande identificação com as histórias e todos seus atrativos.
O livro é carregado de conjecturas através de situações
prosaicas que podem acarretar em conclusões inimagináveis e por certo,
surpreendentes; escancara os desejos e sentimentos mais profundos, introjetados
nas diversas relações ao longo da vida e floresce sentimentos incrustados no
interior do ser humano que nem mesmo é percebido corriqueiramente, apenas em
situações extremas, onde não se pode prever a reação que se terá.
Quando se tem a oportunidade de apreciar uma leitura
enriquecedora, temos de nos sentir privilegiados por podermos conhecer novos
autores que nos trazem orgulho, e, é o caso aqui. Mais que recomendo a leitura
para todos e principalmente para quem gosta de filosofia, de suspense e de dar
algumas risadas.
NOTA : 4,80 DE 5,00
SOBRE O AUTOR:
É escritor e diplomata. Cursou economia, tem especialização
em teoria psicanalítica, mestrado em Liberal Arts pela Georgetown University,
Washington D.C. e estudou no Instituto C.G. Jung em Zurique.
Exemplar cedido pela Oasys Cultural.
RUDY