Série especial Avec Editora
Cláudia Lemes é, sem exagero, uma das vozes mais influentes do thriller brasileiro. Autora potente, corajosa e dona de uma identidade literária inconfundível, ela se consolidou como referência nacional em policial, suspense e terror — e ainda se destaca como uma das idealizadoras da ABERST, associação que transformou o cenário dos gêneros no país.
Com olhar crítico e experiência real de mercado, Cláudia defende que há espaço para autores brasileiros, mas que falta visibilidade e investimento contínuo. Autêntica e firme, ela acredita que o segredo da carreira literária está na consistência, na verdade que o escritor imprime na própria marca e na coragem de não seguir fórmulas vazias.
Observadora aguda do thriller contemporâneo, Cláudia aponta temas como paranoia digital, burnout, solidão e vigilância constante como as forças que moldam o suspense atual. E lembra: só se destaca quem escreve com alma, não com algoritmos.
Hoje, enquanto trabalha simultaneamente em três novos projetos — incluindo um romance e um projeto secreto —, Cláudia segue como um pilar do gênero no Brasil: inspirando novos autores, fortalecendo a literatura nacional e provando, livro após livro, por que é chamada de Rainha do Thriller Nacional.
Vem conferir a entrevista exclusiva que ela concedeu ao Grupo Avec Editora, casa onde publica a maior parte de suas obras.
1. Cláudia, você é reconhecida como a Rainha do Thriller Nacional. Como enxerga hoje a demanda por autores brasileiros no mercado literário? Há espaço real e crescente para novas vozes nacionais no gênero policial, suspense e thriller?
Há espaço, mas pouca visibilidade, infelizmente. Por uns anos, vimos um aumento no interesse das grandes editoras em publicar literatura de gênero produzida por autores brasileiros, mas infelizmente, nos últimos dois anos, esse interesse retrocedeu – em parte porque essas editoras divulgam pouco seus nacionais e se decepcionam quando eles não vendem rios de exemplares, em parte devido à onda de cancelamento de autores nas redes sociais. Para o autor que se dedicar, no entanto, e aprender a usar as redes sociais com sabedoria, há muito potencial – o prêmio Livros do Futuro do Tik Tok é um bom exemplo.
2. O mercado editorial brasileiro é competitivo e ao mesmo tempo carente de narrativas fortes. Na sua visão, qual é o maior desafio para um autor nacional se manter relevante e desejado pelos leitores ao longo dos anos?
O autor precisa estudar, ler e escrever. Depois, precisa investir em leituras críticas, copydesk e marketing. O problema é que a maioria tem que fazer isso em seu escasso tempo livre, já que a carreira de autor raramente garante um sustento digno. Não é de surpreender que muitos desistem, já que é exaustivo manter pelo menos duas profissões com o salário de uma.
3. Como uma autora que dita tendências dentro do thriller, quais subgêneros ou movimentos você acredita que terão maior potencial em 2025? Você vê o público migrando para thrillers mais psicológicos, mais violentos, mais realistas ou mais híbridos com fantasia/terror?
Estou vendo que o thriller doméstico ainda está em alta, mas aposto em livros que vão explorar as paranoias modernas – tecnologia, redes sociais, IA, esgotamento psicológico, necessidade de isolamento, essas coisas. O thriller sempre seguiu as ansiedades da sua época.
4. Muitos autores têm dificuldade em equilibrar escrita, vida pessoal e presença digital. Na sua opinião, qual é o verdadeiro “pulo do gato” para ser uma autora ativa nas redes sociais sem perder autenticidade — e ao mesmo tempo acompanhando tendências de conteúdo literário?
Acho que consistência é a chave, mas sei o quanto é difícil. As pessoas querem resultados, números, retorno sobre investimento, e não é bem assim que funciona. As redes são como a limpeza da casa – você tem que fazer um pouco todo dia, sabendo que não vai durar. Quanto mais você faz, mais chances de aprender a fazer melhor e até gostar. Mas os resultados demoram muito, e por isso a maioria desiste. O pulo do gato ainda é ser você mesmo, com consistência e sem se comparar.
5. O thriller nacional se fortaleceu muito nos últimos anos, mas ainda existe uma impressão de que o público prefere obras estrangeiras. Na sua experiência, o que falta para o leitor brasileiro reconhecer a literatura nacional como tão poderosa quanto a internacional?
É cultural. A pessoa lê um péssimo livro gringo e culpa o autor gringo, individualmente. Mas quando ela lê um péssimo livro nacional, ela culpa a literatura nacional como um todo. Esse preconceito vai levar um bom tempo para mudar, infelizmente. O jeito é continuar escrevendo bem, publicando e divulgando nacionais.
6. Como você entende a importância do autor se posicionar como marca? Em que momento você percebeu que sua imagem profissional precisava ser tão lapidada quanto seus livros?
Meu TCC na faculdade foi sobre branding, então eu já tinha essa noção de marca pessoal quando comecei a escrever. Mas ainda acho que nada funciona melhor do que ser autêntico. As pessoas sentem quando alguém está usando uma máscara e quando está sendo verdadeiro e acho que o que atrai leitores para mim, ou pelo menos aguça a curiosidade, é que eu sou eu, doa a quem doer. Escrevo o que quero, doa a quem doer. Meus valores são inegociáveis, mesmo quando impopulares. Isso afasta algumas pessoas, mas acho que ao longo do tempo, te aproxima dos seus leitores ideais.
7. As editoras têm buscado propostas cada vez mais originais, mas também mais alinhadas às tendências. Que tipo de originalidade você acredita que realmente conquista um editor — e, mais importante, o leitor?
Tenho visto leitores buscando mais o fácil de ler do que o original, infelizmente. Muitos bestsellers gringos são livros extremamente ruins, rasos e cheios de furos, mas o leitor “passa pano porque é rápido de ler”. Isso tem a ver com neuroplasticidade e as redes sociais, mas confesso que desanima. E não me levem a mal, eu amo farofa, e eu escrevo farofa, mas acho que dá para escrever BEM a farofa. O leitor vive hoje a vontade de ver algo novo, mas também vive no FOMO (medo de ficar de fora), lendo livros que são escolhidos por eles pelo hype e não os livros que poderiam interessá-los mais. Acho que para encontrar diamantes, o leitor precisa estar disposto a minerar mais, ousar mais, ler o que ninguém está lendo.
Mas para responder à pergunta, acredito que no fundo o que editores e leitores realmente querem são livros com alma. E com tantas obras formulaicas sendo publicadas, livros com alma estão muito difíceis de achar.
8. No cenário atual, em que o TikTok e o Instagram influenciam diretamente as vendas, como você vê a relação entre narrativa literária e narrativa digital? O escritor precisa “performar” seu livro para alcançar o público?
O escritor não pode encarar o livro como produto durante a escrita – literatura é arte. Mas assim que o livro estiver pronto, se o autor quiser ser lido, tem que aprender a linguagem das vendas e sim, tratar seu livro como produto. A boa notícia é que a arma mais poderosa do marketing é justamente o que o autor já sabe fazer: storytelling.
9. Para autores que ainda buscam seu espaço, que conselho você daria sobre:
— consistência, — identidade narrativa e — leitura de mercado?
Consistência: Eu diria para pararem de romantizar a procrastinação. Tempo de ócio, cabeça tranquila, tudo isso é imperativo para a criação. Mas vejo que hoje as pessoas passam meses no sofá vendo Netflix e se sentindo péssimas por não fazerem o que lhes traria felicidade – ler, escrever, caminhar, sair com amigos... E nas redes sociais há vários posts pintando essa inércia como engraçada e normal. Não é. A vida é curta demais para isso.
Identidade narrativa: estudem, pelo amor de deus. O que mais vejo são autores que acham que a escrita é totalmente instintiva, que não precisam estudar técnicas. Posso falar, seguramente, que quanto mais você estuda, lê e escreve, mais refinado vai ficando seu estilo.
Leitura de mercado: acho importante saber o que está sendo escrito e lido – mas não se guiar pelo mercado na hora de criar. É justamente fazendo algo diferente e novo que o autor vai se destacar.
10. A construção de personagens complexos é uma marca sua. Como você estrutura um personagem que realmente prende o leitor? Existe um método “Cláudia Lemes” para isso, ou cada história exige um processo totalmente diferente?
Eu acho impossível escrever personagens complexos se você não vive o mundo real. Se você nunca sai de casa, não conversa com as pessoas, não tem experiências novas, não vai a lugares diferentes, você não tem o insumo para criar personagens realistas. Todos ficam com a cara dos personagens dos outros, pasteurizados, ou como diria Chuck Palahniuk, “uma cópia de uma cópia de uma cópia”. Eu não tenho método, eu só observo as pessoas, leio sites de confissões e segredos, converso intimamente com meus amigos, e crio a partir do que observo e vivo.
11. Sabemos que o thriller é um gênero que respira verossimilhança. Como você pesquisa para manter a trama afiada, atualizada e coerente com os debates da sociedade?
Eu faço a pesquisa clássica (leitura), mas também a sensorial. Eu vou até lugares e absorvo as texturas, cores, cheiros, sons, sabores. E incluo tudo isso nas minhas descrições, porque eu quero que o leitor viva a minha história, não apenas leia sobre ela.
12. E, claro, não posso deixar de incluir uma curiosidade que todos nós temos por aqui: Cláudia, e você? O que podemos esperar da Rainha do Thriller Nacional no próximo ano?
É quase um absurdo uma autora como você publicar apenas um livro por ano (risos) — então conta pra gente: vem mais alguma obra sua por aí?
Vem. No momento estou com três projetos – um conto, um romance e um projeto secreto. Se tudo der certo, público pelo menos dois deles ano que vem.
13. Por fim, olhando para 2025 e além:
Que conselho você daria ao mercado editorial brasileiro para fortalecer e impulsionar ainda mais autores nacionais de thriller?
Temos ótimos autores e ótimos livros. O mercado editorial precisa abraçar o nacional, não publicar alguns só para que os leitores não reclamem. Precisam realmente divulgar esses livros e autores, investir no marketing, ter orgulho do que produzimos. Enquanto isso não mudar, nada mudará.
Conheça a obra da nossa Rainha do Thriller Nacional e entenda por que Cláudia Lemes entrega histórias muito mais afiadas, intensas e bem construídas do que muitos best-sellers gringos por aí — só falta o leitor brasileiro descobrir o ouro que tem em casa!
Aqui está a elite do thriller nacional, pronta para ganhar espaço na sua estante:
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FAMÍLIA AVEC EDITORA
Onde o lobo guarda a palavra.
Onde a literatura nacional se torna potência real.
Onde celebramos, com orgulho, quem faz história no nosso catálogo.