Tem autor que começa um livro com o enredo prontinho na cabeça, do prólogo ao epílogo. Eu começo com... caos.
Eu tentando organizar o caos da minha cabeça quando uma ideia nova aparece. Às vezes, é um print aleatório salvo em 2015. Às vezes, é uma música que me faz imaginar dois desconhecidos se olhando pela primeira vez. Às vezes, é só um sentimento que não sei explicar, mas que grita: "isso aqui é o começo de alguma coisa."
Alguns dos meus livros (ou quase todos?) nasceram de forma inusitada...
Louca por Você nasceu de uma história que eu tinha na cabeça desde a infância… e queria muito ler um livro com ela.
#Crush surgiu depois de eu ter visto um carrão importado na rua, o que me fez parar na esquina da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, escrever a cena em que a Tati chama o carro do Pedro de ridículo e salvar no meu e-mail.
O livro que estou escrevendo agora começou com uma sensação de incômodo. Uma vontade de escrever sobre alguém que carrega segredos e algo completamente fora da minha zona de conforto.
Tati vendo o carro do Pedro e decidindo que ele era "um pouco demais" A verdade é que não tem método. Não tem fórmula. E, pra ser sincera, às vezes não tem nem certeza se a ideia é boa. Mas tem coração. Tem tentativa. Tem um bloco de notas que parece o diário de uma doida e uma playlist no Spotify que muda de nome a cada quinze dias.
Quando a ideia chega e eu preciso anotar antes que ela fuja. Eu queria dizer que todo processo criativo é lindo, mas a verdade é que ele também é caótico e frustrante. É acordar achando que você tem a melhor ideia do mundo… e dormir com a sensação de que aquilo não vai dar em nada. Spoiler: às vezes, não dá mesmo. E tudo bem. Porque cada história que eu escrevo, até as que nunca terminam, me ensina alguma coisa sobre mim.
Achei que era a melhor ideia do mundo às 21h. Às 22h, quero fingir que nunca aconteceu. Hoje, quis dividir um pedacinho desse processo. Porque a pergunta "de onde vêm suas ideias?" me persegue em toda Bienal, nas entrevistas e em conversa com leitores. E a resposta nunca cabe em uma frase só.
Mas se eu tivesse que resumir? Minhas histórias nascem de qualquer lugar. De uma lembrança. De uma raiva. De um trecho de comédia romântica. De uma frase dita pelo amor da minha vida, debaixo do chuveiro lavando o cabelo, ou de um sonho que parece real demais (Malu está aí para provar isso).
Quando aquela faísca vira história. E o caos faz sentido... No fim das contas, escrever é isso: colecionar pequenas faíscas e torcer para que uma delas vire incêndio. Nem sempre vira. Mas quando vira... ah, quando vira, não tem sensação igual.
E você? O que anda colecionando por aí que pode virar história?
Escrever é a minha maneira de questionar rótulos e celebrar histórias que importam, e essa newsletter é um convite para essa conversa. A cada 15 dias, sempre às quintas, compartilho reflexões sobre literatura, escrita e tudo o que me move. 💛Até a próxima edição!